SÃO PAULO – A falta de concorrência faz com que o brasileiro pague altos preços para ter acesso à banda larga, constatou uma pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que apurou o valor e a velocidade dos serviços de internet rápida oferecidos no País.
Outra conclusão do estudo é que muitas empresas em cada uma das cidades pesquisadas - Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio Branco (AC) e São Paulo (SP) – oferecem planos distintos e não informam o consumidor de maneira adequada sobre o serviço ofertado.
Nenhuma das operadoras verificadas é capaz de atender a todos os consumidores, além de não oferecer a qualidade dos serviços ofertados e contratados por eles.
O coordenador da organização Intervozes, João Brant, enumera dois problemas cabais em relação aos problemas diagnosticados nas operadoras: “práticas anticompetitivas, de formação de cartel no setor, e falta de deveres das empresas, que podem atingir um público restrito e atuar só nas áreas mais rentáveis”.
Altas taxas
Mesmo com a maioria da população sem ter condições de arcar com mensalidades salgadas, o Brasil possui um dos serviços de banda larga mais abusivos do mundo, que atinge em média U$S 28.
Sob esse aspecto, o valor pago pelo brasileiro corresponde a 4,58% da renda per capita no País. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse valor é de apenas 0,5% da renda per capita dos americanos, e na França é de 1,02%.
A banda larga no Brasil é também extremamente cara, quando comparada à de outros países. O megabit oferecido em Manaus (AM), por exemplo, é 395 vezes mais caro que no Japão.
Deficiências
Entretanto, apesar de pagar alto pelo serviço, o brasileiro não o recebe de maneira adequada. Segundo levantamento recente realizado pela empresa norte-americana Akamai e citado pelo Idec, a velocidade de tráfego da internet brasileira é uma das mais lentas do mundo.
A pesquisa mostra que a velocidade média da Web, no Brasil é de 1.085 Kbps (quilobits por segundo), 93% menor que a velocidade média da Coreia do Sul, líder do ranking.
Se já não bastassem as altas taxas, aliadas a um serviço abaixo da média, o internauta brasileiro ainda tem que se adaptar com velocidades lentas, que chegam a menos de 256 Kbps.
Um número de 20% das conexões no País têm velocidade inferior ao limite mínimo estabelecido pela UIT (União Internacional de Telecomunicações), o que varia entre 1,5 e 2 Mbps.
Operadoras
Resta ao consumidor torcer para que providências sejam tomadas em torno da lei de telefonia no País, opina a advogada do Idec, responsável pela pesquisa, Estela Guerrini.
“Essa mudança é necessária para que todas as pessoas, independentemente da condição socioeconômica ou da localidade, tenham acesso a um serviço de banda larga de qualidade e em harmonia com a lei consumerista. Ou seja, precisamos universalizar a banda larga”.