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Alface rica em ácido fólico é a nova aposta dos pesquisadores brasileiros
Tomate com cinco vezes mais vitamina A. Cenoura, abóbora, melão e pimentão fortificados com vitamina C. Um grão-de-bico modificado para melhorar a sensação de bem-estar. Uma batata-doce eficiente para corrigir a deficiência de ferro e, por fim, uma alface com ácido fólico (ideal para a dieta de grávidas e de crianças no combate à anemia), última novidade nas pesquisas clínicas governamentais.
Essas futuras “hortaliças superpoderosas” serão lançadas no mercado brasileiro pela Embrapa. Neste momento, os produtos estão no alvo das pesquisas realizadas pelo casal Leonardo e Maria Esther Boiteux, que trabalha na seção de melhoramento nutricional de produtos da empresa barsileira. São eles que fazem as análises e cruzamento molecular dos nutrientes com as sementes para fortificar os alimentos in natura.
Neste ramo, já foram lançados uma abobrinha e um tomate enriquecido, já disponíveis no mercado. “Nossos estudos mostraram que podemos enriquecer ainda mais o tomate, por isso novos investimentos estão sendo feitos, além da pesquisa biomolecular com outros alimentos”, conta Maria Esther. Em média, são entre três e sete anos de pesquisa clínica antes do lançamento chegar às feiras e supermercados, sempre por meio de parcerias com produtores, agricultores e fazendeiros.
Do “desnutrido” ao “sem tempo”
O casal pesquisador conta que a seleção dos nutrientes utilizados no melhoramento das sementes é feita com base em pesquisas científicas internacionais que atestam a eficácia da vitamina na proteção da saúde.
A proposta é com as hortaliças fortificadas, afirma Maria Esther, não só corrigir as deficiências nutricionais existentes no País, como auxiliar a população que pela falta de tempo para uma refeição saudável, coloca o organismo em risco.
Para a diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Maria Del Rosário, o enriquecimento de frutas e hortaliças é uma ótima notícia, mas precisa vir acompanhado de uma reeducação alimentar. “O mundo inteiro está tentando convencer a população a comer alimentos mais saudáveis, com base em evidências científicas, devido à epidemia de obesidade”, afirmou a especialista. “Fortificar este tipo de alimentos é maravilhoso, desde que as pessoas os tragam para a mesa.”
Experiência comprovada
Enriquecer com nutrientes o cardápio in natura do brasileiro é uma boa alternativa, conforme comprovam as experiências do passado. Em 2004, por determinação do Ministério da Saúde, a farinha de trigo foi enriquecida com ferro, uma tática para combater a anemia tão presente na população.Cleber Alves da Costa fez um mestrado em ciência de alimentos pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) para confirmar se, em crianças matriculadas em creches, a fortificação da farinha tinha surtido efeito positivo.
Entre os cerca de 400 meninos e meninas avaliados – todos matriculados em creches públicas da cidade de São Paulo – o índice de anemia encontrado foi de 21%, bem inferior aos 69% atestados antes da mudança da farinha de trigo. “As merendas das creches usavam muitos alimentos feitos com farinha enriquecida, por isso, a conclusão do estudo foi de aprovação do enriquecimento”, afirmou o pesquisador.
Costa ressalta que a farinha enriquecida ajuda mas não substitui as refeições balanceadas, com o risco de anular os efeitos positivos. O mesmo valerá para as hortaliças fortificadas quando chegarem ao mercado. Se antes a anemia era a grande vilã, hoje a epidemia de obesidade é a principal fatura da alimentação desregrada, só combatida por meio de uma conjunção de fatores.
O último “dossiê” feito pelo Ministério da Saúde confirmou que é preciso uma combinação de hábitos para garantir a boa saúde. Isso porque, os brasileiros até comem mais hortaliças e verduras do que no passado. Mas estão mais obesos e sedentários.
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