quinta-feira, 29 de novembro de 2012

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Como funcionam os bits e os bytes
por Marshall Brain - traduzido por HowStuffWorks Brasil

Introdução

bits e bytes
Se você já usou um computador por mais de cinco minutos, provavelmente ouviu as palavras bits e bytes. A capacidade da memória RAM e do disco rígido, assim como o tamanho dos arquivos são medidos em bytes, quando examinamos em um visualizador de arquivos. Você pode ouvir um comercial que diga: "este computador possui um processador Pentium de 32 bits com 64 megabytes de memória RAM e 2,1 gigabytes de espaço no disco rígido". E muitos artigos de HowStuffWorks falam dos bytes (por exemplo, Como funcionam os CDs). Neste artigo, discutiremos bits e bytes para que você possa obter um entendimento completo do assunto.


bytes graphic
Números decimais. A maneira mais fácil de se compreender os bits é compará-los a algo que você já conhece: os dígitos. Um dígito é um local que pode conter valores numéricos entre 0 e 9. Dígitos normalmente são combinados em grupos para criar números maiores. Por exemplo, 6.357 possui quatro dígitos. Sabe-se que, no número 6.357, o 7 ocupa a posição de unidade, enquanto o 5 ocupa a posição de dezena, o 3 ocupa a posição de centena e o 6 ocupa a posição de milhar. Assim, caso queira ser explícito, poderá expressar esse número da seguinte maneira:
(6 * 1000) + (3 * 100) + (5 * 10) + (7 * 1) = 6000 + 300 + 50 + 7 = 6357
Uma outra maneira de expressá-lo seria utilizando potências de 10. Suponhamos que o conceito de "elevado à potência de" seja representado pelo símbolo "^" ("10 ao quadrado" seria escrito como "10^2"). Assim uma outra maneira de expressar esse número é:
(6 * 10^3) + (3 * 10^2) + (5 * 10^1) + (7 * 10^0) = 6000 + 300 + 50 + 7 = 6357
O que se pode perceber nessa expressão é que cada dígito é um marcador de posição para a próxima potência de 10, começando no primeiro dígito com 10 elevado à potência de zero.
Isso deve ser considerado cômodo, já que trabalhamos com dígitos decimais todos os dias. Mas o interessante sobre sistemas numéricos é que não existe nada que o force a ter 10 valores diferentes em um dígito. Nosso sistema decimal provavelmente se desenvolveu porque possuímos 10 dedos - caso viéssemos a evoluir para apenas oito, poderíamos ter um sistema baseado na mesma quantidade de dígitos. Você pode criar sistemas baseados em qualquer quantidade de dígitos. Na verdade, existem várias boas razões para utilizar diferentes bases em diferentes situações.
Bits
Os computadores operam utilizando o sistema numérico baseado em 2 dígitos, também conhecido como sistema numérico binário, assim como o sistema numérico baseado em 10 dígitos é conhecido como sistema numérico decimal. A razão pela qual os computadores utilizam o sistema baseado em 2 dígitos é que isso torna muito mais fácil implementá-los com a tecnologia eletrônica atual. É possível conectar e montar computadores que operam na base de 10 dígitos, mas eles seriam extremamente caros. Por outro lado, os computadores binários são relativamente baratos.
Por isso os computadores usam números binários e, conseqüentemente, dígitos binários no lugar de dígitos decimais. A palavra bit é a abreviação das palavras "Binary digIT" (dígito binário). Enquanto os dígitos decimais possuem 10 valores possíveis, que vão de 0 a 9, os bits possuem apenas dois: 0 e 1. Portanto, um número binário é composto apenas de 0s e 1s, como por exemplo: 1011. De que maneira se descobre qual é o valor do número binário 1011? Você o faz da mesma forma que fizemos anteriormente para 6357, mas utilizará a base de 2 dígitos ao invés de 10. Assim:

(1 * 2^3) + (0 * 2^2) + (1 * 2^1) + (1 * 2^0) = 8 + 0 + 2 + 1 = 11

Você pode observar que em números binários cada bit comporta o valor das potências crescentes de 2. Isso torna a contagem em binários consideravelmente fácil. Contando em decimais e binários, começando em zero e indo até 20, fica assim:
     0   =   0
       1   =   1
       2  =   10
       3  =   11
       4  =  100
       5  =  101
       6  =  110
       7  =  111
       8  = 1000
       9  = 1001
      10 =  1010
      11 =  1011
      12 =  1100
      13 =  1101
      14 =  1110
      15 =  1111
      16 = 10000
      17 = 10001
      18 = 10010
      19 = 10011
      20 = 10100
Observando essa seqüência, você percebe que 0 e 1 são os mesmos para os sistemas numéricos decimal e binário. No número 2, no entanto, observa a primeira repetição no sistema binário. Se um bit é 1, e você soma 1 a ele, o bit torna-se 0 e o próximo torna-se 1. Na transição de 15 para 16 esse efeito passa por 4 bits, transformando 1111 em 10000.
Bytes
Os bits dificilmente estão sozinhos nos computadores. Normalmente são agrupados em conjuntos de 8 bits, chamados bytes. Por que existem 8 bits em um byte? Seria o mesmo que perguntar: "por que há 12 ovos em uma dúzia". O byte de 8 bits é algo que as pessoas estabeleceram através de tentativas e erros durante os últimos 50 anos.
Com 8 bits em um byte é possível representar 256 valores, de 0 a 255, como mostrado abaixo:
         0   = 00000000
         1   = 00000001
         2   = 00000010
              ...
         254 = 11111110
         255 = 11111111
No artigo Como funcionam os CDs, você aprende que um CD utiliza 2 bytes, ou 16 bits, por amostragem. Isso dá a cada amostragem uma gama de 0 a 65.535, assim:
      
               0     = 0000000000000000
               1     = 0000000000000001
               2     = 0000000000000010
                   ...
               65534 = 1111111111111110
               65535 = 1111111111111111
Bytes: o padrão ASCII
Os bytes são freqüentemente utilizados para comportar caracteres individuais em um documento de texto. No sistema de caracteres ASCII, cada valor binário entre 0 e 127 está associado a um caractere específico. A maioria dos computadores estende o sistema ASCII, para utilizar a gama completa dos 256 caracteres disponíveis em um byte. Os últimos 128 caracteres comportam elementos especiais, como caracteres acentuados de diversas línguas como o português.
Você pode ver os 127 códigos padrão da tabela ASCII, abaixo. Computadores armazenam documentos de texto, tanto no disco quanto na memória, utilizando esses códigos. Se você utiliza o Bloco de Notas do Windows 95/98 para criar um arquivo de texto contendo as palavras "Four score and seven years ago" (quatro pontos e sete anos atrás), o Bloco de Notas usaria 1 byte de memória por caractere (incluindo 1 byte para cada espaço entre as palavras, caractere 32 da tabela ASCII). Quando o Bloco de Notas armazena a sentença em um arquivo no disco, o arquivo também irá conter 1 byte por caractere e por espaço.
Faça esse experimento: abra um novo arquivo no Bloco de Notas e insira a frase "Four score and seven years ago". Salve o arquivo no disco com o nome de getty.txt. Utilize então o Explorer e veja o tamanho do arquivo. Você irá descobrir que o arquivo ocupa um espaço de 30 bytes no disco: 1 byte para cada caractere. Se você adicionar outra palavra ao final da sentença e salvar novamente, o tamanho do arquivo irá subir para o número referente de bytes. Cada caractere consome um byte.
Se você olhasse para um arquivo como um computador o faz, veria que cada byte contém um número, não uma letra; o número é o código ASCII que corresponde ao caractere (veja abaixo). Desse modo, os números para o arquivo no disco são:
        F  o   u   r     a   n   d      s   e   v   e   n
       70 111 117 114 32 97 110 100 32 115 101 118 101 111

Olhando a tabela ASCII, você pode observar uma correspondência entre cada caractere e o código ASCII utilizado. Observe o uso do 32 para espaço - 32 é o código ASCII para espaço. Poderíamos expandir esses números decimais para números binários (assim, 32=00100000), se quiséssemos ser tecnicamente corretos. Na realidade, é assim que o computador lida com as coisas. Tabela ASCII padrão
Os 32 primeiros valores (0 até 31) são códigos para itens como o retorno para o início de uma linha (CR - Carriage Return) e o avanço de linha (LF - Line Feed). O caractere de espaço é o 33º valor, seguido de caracteres de pontuação, dígitos, caracteres maiúsculos e caracteres minúsculos.

         0   NUL
         1   SOH
         2   STX
         3   ETX
         4   EOT
         5   ENQ
         6   ACK
         7   BEL
         8   BS
         9   TAB
        10   LF
        11   VT
        12   FF
        13   CR
        14   SO
        15   SI
        16   DLE
        17   DC1
        18   DC2
        19   DC3
        20   DC4
        21   NAK
        22   SYN
        23   ETB
        24   CAN
        25   EM
        26   SUB
        27   ESC
        28   FS
        29   GS
        30   RS
        31   US
         32      33   !
          34   "
          35   #
          36   $
          37   %
          38   &
          39   '
          40   (
          41   )
          42   *
          43   +
          44   ,
          45   -
          46   .
          47   /
          48   0
          49   1
          50   2
          51   3
          52   4
          53   5
          54   6
          55   7
          56   8
          57   9
          58   :
          59   ;
          60   <
          61   =
          62   >
          63   ?
          64   @
          65   A
          66   B
          67   C
          68   D
          69   E
          70   F
          71   G
          72   H
          73   I
          74   J
          75   K
          76   L
          77   M
          78   N
          79   O
          80   P
          81   Q
          82   R
          83   S
          84   T
          85   U
          86   V
          87   W
          88   X
          89   Y
          90   Z
          91   [
          92    
          93   ]
          94   ^
          95   _
          96   `
          97   a
          98   b
          99   c
         100  d
         101  e
         102  f
         103  g
         104  h
         105  i
         106  j
         107  k
         108  l
         109  m
         110  n
         111  o
         112  p
         113  q
         114  r
         115  s
         116  t
         117  u
         118  v
         119  w
         120  x
         121  y
         122  z
         123  {
         124  |
         125  }
         126  ~
         127  DEL 

Muitos bytes

Quando se fala em uma grande quantidade de bytes, utilizamos prefixos como kilo, mega e giga, para criar outros termos: kilobyte, megabyte e gigabyte (também abreviados para K, M e G, como em Kbytes, Mbytes e Gbytes ou KB, MB e GB). A tabela a seguir mostra os multiplicadores binários :

Nome

Abrev.

Tamanho

Kilo

K

210 = 1.024

Mega

M

220 = 1.048.576

Giga

G

230 = 1.073.741.824

Tera

T

240 = 1.099.511.627.776

Peta

P

250 = 1.125.899.906.842.624

Exa

E

260 = 1.152.921.504.606.846.976

Zetta

Z

270 = 1.180.591.620.717.411.303.424

Yotta

Y

280 = 1.208.925.819.614.629.174.706.176
Você pode perceber, através desse quadro, que kilo corresponde a aproximadamente mil; mega, cerca de um milhão; giga, um bilhão e assim por diante. Quando alguém diz: "este computador tem um disco rígido de 2 giga", o que está querendo dizer é que o disco rígido pode armazenar 2 gigabytes, aproximadamente 2 bilhões de bytes ou exatamente 2.147.483.648 bytes. Como seria possível você precisar de 2 gigabytes de espaço? Se você considerar que um CD armazena 650 megabytes, perceberá que o equivalente a apenas três CDs de dados ocuparia o disco rígido inteiro! Bases de dados de terabyte são comuns nos dias de hoje e, provavelmente, já devem haver algumas bases de petabyte sendo utilizadas pelo Pentágono (em inglês).
Aritmética binária
A aritmética binária funciona exatamente como a aritmética decimal, exceto pelo fato de que o valor de cada bit pode ser apenas 0 ou 1. Para perceber um pouco da aritmética binária, vamos começar com uma adição decimal e ver como funciona. Suponha-se que queiramos somar 452 e 751:
      452
    + 751
      ---
       1203  
Para somar esses números, você começa pela direita: 2 + 1 = 3. Sem problemas. A seguir, 5 + 5 = 10, conserva o zero e transporta o 1 à próxima soma ("vai um"). A seguir, 4 + 7 + 1 (devido ao vai um) = 12, então, mantém o 2 e transporta o 1. Por fim, 0 + 0 + 1 = 1. A resposta então é 1203. A adição binária funciona exatamente da mesma maneira:
      010
    + 111
      ---
       1001  
Começando pela direita, 0 + 1 = 1 para o primeiro dígito. Não existe vai um. Você tem 1 + 1 = 10 para o segundo dígito, então, mantém o 0 e transporta o 1. Para o terceiro dígito, 0 + 1 + 1 = 10, mantenha então o zero e transporte 1. Para o último dígito, 0 + 0 + 1 = 1. Assim, a resposta é 1001. Se você traduzir tudo para decimais, verá que está correto: 2 + 7 = 9. Para ver como as operações booleanas são implementadas utilizando portas eletrônicas (gates), veja Como funciona a lógica booleana.
Recapitulação rápida
Para resumir este artigo inteiro, aqui está o que aprendemos sobre bits e bytes:
  • bits são dígitos binários; um bit pode conter o valor 0 ou 1;
  • bytes são feitos de 8 bits cada;
  • a aritmética binária funciona exatamente como a aritmética decimal, mas cada bit pode ter apenas o valor 0 ou 1.
Realmente não há nada além disso: os bits e bytes são muito simples. Para mais informações sobre bits, bytes e tópicos relacionados, veja os links na próxima página.

Portas simples

Há três, cinco ou sete portas simples que precisamos conhecer, dependendo de como se queira contá-las (logo veremos o motivo). Com elas, podem-se construir combinações que implementarão qualquer componente digital imaginável. Essas portas parecerão um pouco limitadas e incrivelmente simples, mas veremos algumas combinações interessantes nas seções seguintes que as tornarão bem mais inspiradoras. Se você ainda não leu Como funcionam os bits e os bytes, será útil fazê-lo antes de continuar. A porta mais simples chama-se "inversor", ou porta NOT. Ela usa um bit como entrada e produz seu oposto como saída. Segue abaixo, a tabela lógica para a porta NOT e seu símbolo comummente usado em diagramas de circuitos:
Porta NOT
A Q
0 1
1 0
Nesta figura, perceba que a porta NOT tem uma entrada chamada A e uma saída chamada Q ("Q" é usada para a saída porque se usarmos "O" (do inglês "output") ela pode se confundir com zero). A tabela mostra o comportamento da porta. Ao atribuirmos o valor 0 a A, Q produz um 1. Ao atribuirmos o valor 1 a A, Q produz um 0. Simples.
A porta AND executa uma operação lógica "e" sobre duas entradas, A e B:
Porta AND
A B Q
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1
A idéia por trás de uma porta AND é, "Se A = 1 E B = 1, então Q = 1." Podemos notar este comportamento na tabela lógica desta porta. A tabela deve ser lida linha por linha, assim:

Porta AND
A B Q
0 0 0 Se A = 0 E B = 0, Q = 0.
0 1 0 Se A = 0 E B = 1, Q = 0.
1 0 0 Se A = 1 E B = 0, Q = 0.
1 1 1 Se A = 1 E B = 1, Q = 1.
A próxima é a porta OR. Sua idéia básica é "Se A = 1 OU B = 1 (ou se ambas forem iguais a 1), então Q = 1."
Porta OR
A B Q
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 1
Essas são as três portas básicas (uma maneira de contá-las). É bastante comum que se reconheçam outras duas também: a porta NAND e a porta NOR. Essas são combinações simples da porta AND ou da porta OR com a porta NOT. Se as incluirmos, a contagem subirá para cinco. Este é o funcionamento básico das portas NAND e NOR (elas são apenas inversões das portas AND e OR):
Porta NOR
A B Q
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 0
Porta NAND
A B Q
0 0 1
0 1 1
1 0 1
1 1 0
As duas últimas portas que podem aparecer na lista são as portas XOR e XNOR, também conhecidas como portas "OR exclusivo" e "NOR exclusivo", respectivamente. Estas são suas tabelas:
Porta XOR
A B Q
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0
Porta XNOR
A B Q
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 1
A idéia por trás da porta XOR é: "se A= 1 OU B = 1, mas NÃO ambas, então Q = 1." O motivo pelo qual XOR pode não constar de uma lista de portas é porque ela pode ser facilmente implementada com o uso das três portas listadas originalmente. Esta é uma implementação:
Se tentarmos todos os quatro padrões diferentes para A e B e os rastrearmos através do circuito, veremos que Q se comporta como uma porta XOR. Como existe um símbolo bastante compreensível para as portas XOR, costuma ser mais fácil pensar em XOR como uma "porta padrão" e usá-la da mesma maneira que as portas AND e OR nos diagramas de circuitos.

Somadores simples

No artigo sobre bits e bytes, você conheceu a adição binária. Nesta seção, você verá como podemos criar um circuito capaz de executar a adição binária com o uso das portas descritas na seção anterior. Comecemos com um somador de um único bit. Digamos que, em um dado projeto, seja necessária a adição de bits para que se obtenha uma resposta. Começamos a projetar o circuito verificando todas as combinações lógicas. Podemos fazer isso a partir das quatro seguintes somas:

0 0 1 1
+ 0 + 1 + 0 + 1
0 1 1 10
Tudo vai bem, até que aparece 1 + 1. Nesse caso, você terá de se preocupar com aquele carry bit (bit de transporte) irritante. Se não se importar em transportá-lo (pois, afinal, trata-se de um problema de adição de 1 bit), você poderá resolver esse problema com uma porta XOR. Do contrário, talvez possa reescrever as equações de modo que sempre sejam incluídos 2 bits de saída, assim:

0 0 1 1
+ 0 + 1 + 0 + 1
00 01 01 10
A partir dessas equações, podemos formar a tabela lógica:
Somador de 1 bit com Carry-Out
A B Q CO
0 0 0 0
0 1 1 0
1 0 1 0
1 1 0 1
Observando a tabela, vemos que é possível de se implementar Q com a porta XOR e CO (carry-out) com a porta AND. Simples.
E se quisermos somar dois bytes de 8 bits? Aí fica um pouco mais complicado. A solução mais simples é modularizar o problema em componentes reutilizáveis e replicar os componentes. Nesse caso, é necessária a criação de apenas um componente: um somador binário completo.
A diferença entre um somador completo e o somador que vimos anteriormente é que o somador completo aceita uma entrada A e uma B junto com uma entrada carry-in (CI - "vem um"). Com um somador completo, poderemos enfileirar oito deles para criar um somadorda largura de um byte e deixar transitar o bit de transporte, em cascata, de um somador para o próximo.
A tabela lógica para um somador completo é um pouco mais complicada do que as tabelas que usamos antes, porque agora temos 3 bits de entrada. Fica assim:
Somador Completo de 1 bit com Carry-In e Carry-Out
CI A B Q CO
0 0 0 0 0
0 0 1 1 0
0 1 0 1 0
0 1 1 0 1
1 0 0 1 0
1 0 1 0 1
1 1 0 0 1
1 1 1 1 1
Há muitas maneiras de se implementar essa tabela. Vamos apresentar um método de fácil compreensão. Verificando o bit Q, vemos que os 4 bits superiores comportam-se como uma porta XOR com relação a A e B, enquanto os 4 bits inferiores comportam-se como uma porta XNOR com relação a A e B. Da mesma maneira, os 4 bits superiores de CO comportam-se como uma porta AND com relação a A e B, e os 4 bits inferiores comportam-se como uma porta OR. Levando em consideração os fatos, o seguinte circuito implementa um somador completo:
Definitivamente, esse não é o método mais eficiente para se implementar um somador completo, mas é de fácil compreensão e bastante lógico. Se for do seu interesse, veja o que se pode fazer para implementar a mesma lógica com menos portas.
Agora, temos uma peça funcional chamada "somador completo". Um engenheiro de computação, então, desenvolve uma "caixa preta", para que os dados fiquem registrados e ele possa deixar de se preocupar com os detalhes do componente. Uma caixa preta para um somador completo seria assim:
Com a caixa preta, é fácil desenvolver um somador completo de 4 bits:
Neste diagrama, o carry-out de cada bit alimenta diretamente o carry-in do próximo bit. Um 0 é conectado ao primeiro bit do tipo carry-in. Se inserirmos dois números de 4 bits nas linhas A e B, a soma de 4 bits aparecerá nas linhas Q com um 1 bit adicional para o último bit do tipo carry-out. Esse encadeamento pode se estender tanto quanto desejável, usando 8, 16 ou 32 bits.
O somador de 4 bits que acabou de ser criado é chamado de somador com propagação do carry (ripple-carry adder). Ele tem esse nome porque os bits de transporte "propagam" de um somador até o próximo. Essa execução é vantajosa por sua simplicidade, mas inconveniente pelos problemas de velocidade. Em um circuito real, as portas levam tempo para mudarem de estado (uma questão de nanossegundos, mas, em computadores de alta velocidade, nanossegundos são significativos). Assim, somadores com propagação do carry de 32 ou 64 bits devem levar de 100 a 200 nanossegundos para terminar sua soma final por causa da propagação do carry . Por esse motivo, os engenheiros criaram somadores mais avançados chamados somadores com carry antecipado (carry-lookahead adders). O número de portas necessárias para implementar o somador com carry antecipado é grande, mas seu tempo para terminar a soma é muito menor.

Flip-flops

Uma das coisas mais interessantes que podemos fazer com portas booleanas é criar memória. Se as portas forem dispostas corretamente, elas vão se lembrar do valor de entrada. Este conceito simples é a base da RAM (memória de acesso randômico) dos computadores, e também possibilita a criação de uma ampla variedade de circuitos úteis. A memória é baseada em um conceito chamado realimentação (feedback), o que significa que o valor de saída de uma porta retorna à sua entrada. O mais simples circuito com realimentação com o uso de dois inversores está exemplificado abaixo:
Ao acompanhar o caminho da realimentação, nota-se que, se o valor de Q for igual a 1, ele sempre será 1. Se por acaso for 0, sempre será 0. Embora esse circuito em particular não tenha muito uso, é possível ver como a realimentação funciona.
Em circuitos "reais", o uso dessa abordagem simples de realimentação do inversor é perfeitamente possível. Um circuito com realimentação de mais utilidade com o uso de duas portas NAND está exemplificado abaixo:
Esse circuito tem duas entradas (R e S) e duas saídas (Q e Q'). Por causa da realimentação, sua tabela lógica fica um pouco incomum se a compararmos àquelas vistas anteriormente:
R S Q Q'
0 0
Inválida
0 1 1 0
1 0 0 1
1 1
Retém
O que a tabela lógica mostra é que:
  • se R e S tiverem valores opostos, Q acompanha S e Q' é o inverso de Q;
  • se tanto R quanto S recebem valor 1 simultaneamente, então o circuito retém o que foi apresentado anteriormente em R e S.
Há ainda o estado inválido. Nesse estado, tanto R quanto S valerão 0, o que não tem significado em aplicação de memória, enquanto memória, nada vale. Para prevenir esse estado ilegal, costuma-se acrescentar uma pequena lógica condicional no lado da entrada, conforme abaixo:
Neste circuito, há duas entradas (D e E). Podemos pensar em D como "Data" (dado) e E como "Enable" (habilitar). Se E valer 1, Q acompanhará D. Se E mudar para 0, no entanto, Q lembrará do que tiver sido visto por último em D. Um circuito com este comportamento costuma ser conhecido como flip-flop.
Um flip-flop bastante comum é o flip-flop J-K. Não está claro de onde veio o nome "J-K", mas ele costuma ser representado em um quadro como este:
Neste diagrama, P significa "Preset" (pré-definido), C significa "Clear" (limpar) e Clk significa "Clock" (relógio). A tabela lógica fica assim:
P C Clk
J K Q Q'
1 1 1-para-0
1 0 1 0
1 1 1-para-0
0 1 0 1
1 1 1-para-0
1 1
Alterna
1 0 X
X X 0 1
0 1 X
X X 1 0
A tabela informa que: primeiro, Preset e Clear ignoram J, K e Clk completamente. Se o valor de Preset for modificado para 0, então o valor de Q será modificado para 1; e se o valor de Clear for modificado para 0, então o valor de Q será modificado para 0, não importando o que J, K e Clk estiverem fazendo. No entanto, se Preset e Clear tiverem valor igual a 1, então J, K e Clk poderão operar. A notação 1-para-0 significa que, quando o relógio mudar de 1 para 0, os valores de J e de K, caso sejam opostos, serão memorizados. J e K ficam armazenados na borba da descida do relógio (a transição de 1 para 0). Porém, se tanto o valor de J quanto o de K equivalerem a 1 borba da descida do relógio, então Q simplesmente alterna, ou seja, muda de seu estado atual para o estado oposto.
Agora, você deve estar se perguntando: "e para que serve isso?". Na verdade, o conceito de "disparo por borda" é muito útil. O fato de o flip-flop J-K apenas "armazenar" (latching) as entradas J-K em uma transição de 1 para 0 faz com que ele seja muito mais útil como dispositivo de memória. Os flip-flops J-K também são bastante úteis em contadores (muito usados na criação de relógios digitais). Aqui está o exemplo de um contador de 4 bits usando flip-flops J-K:
As saídas para este circuito são A, B, C e D, que representam um número binário de 4 bits. Na entrada do relógio do flip-flop, mais à esquerda, aparece um sinal mudando de 1 para 0 e de volta para 1 repetidamente (um sinal oscilatório). O contador contará com as bosrdas de descida que vê neste sinal, ou seja, a cada vez que este sinal que chega mudar de 1 para 0, o número de 4 bits representado por A, B, C e D será incrementado em 1. Então, o contador irá de 0 a 15 e retornará a 0. Podemos acrescentar quantos bits quisermos a este contador e contarmos o que quisermos. Por exemplo, com o uso de uma chave magnética em uma porta, o contador registrará o número de vezes que a porta se abre e se fecha. Com um sensor ótico colocado na estrada, o contador poderá registrar o número de carros que passarem.
Outro uso do flip-flop J-K é na criação de um latch disparado por borda, conforme abaixo:
Neste arranjo, o valor de D é armazenado quando o nível do clock vai de baixo para o alto. Os latches têm extrema importância no projeto de unidades centrais de processamento (CPUs) e periféricos em computadores.

Implementação de portas

Nas seções anteriores, vimos que, com o uso de portas booleanas simples, podemos implementar somadores, contadores, latches e assim por diante. É um avanço e tanto pois, até pouco tempo atrás, só os seres humanos sabiam somar dois números. Sem muito trabalho, é possível projetar circuitos Booleanos que implementem subtração, multiplicação, divisão... veja que estamos próximos de uma calculadora de bolso. A partir dela, não é longo o caminho até as CPUs usadas nos computadores. E como implementar essas portas na vida real? O Sr. Boole as concebeu no papel e no papel elas parecem ótimas. No entanto, precisamos implementá-las fisicamente para que as portas possam executar sua lógica efetivamente. Feita a transição, teremos nos lançado à criação de verdadeiros dispositivos computacionais.
O modo mais simples de se entender a execução física da lógica booleana é com o uso de relés. Essa é a forma pela qual foram implementados os primeiros computadores. Atualmente, os relés foram substituídos pelos sub-microscópicos transistores criados em chips de silício. Esses transistores são incrivelmente pequenos e rápidos, e consomem bem pouca energia se comparados a um relé. No entanto, os relés são incrivelmente fáceis de se entender, e podem implementar lógica booleana de forma muito simples. Por causa dessa simplicidade, você será capaz de ver que o mapeamento, desde as "portas na teoria" até "ativar portas implementadas em realidade física", é algo possível e simples. Realizar o mesmo mapeamento com transistores é tão fácil quanto.
Vamos começar com um inversor. É fácil implementar uma porta NOT com um relé: iremos usar voltagens que representam estados de bit. Atribuímos ao binário 1 o valor de 6 volts, e ao binário 0 o valor de zero volts (terra). Usamos uma bateria de 6 volts para prover os circuitos de energia. A porta NOT, portanto, terá a seguinte aparência:
Se esta figura não faz sentido para você, leia Como funciona o relé para obter uma explicação.
Neste circuito, você verá que, se atribuirmos zero volts a A, Q receberá 6 volts; e se atribuirmos 6 volts a A, Q receberá zero volts. É muito fácil de se implementar um inversor com um relé.
Também é fácil implementar uma porta AND com dois relés:
Aqui, note que, se atribuirmos 6 volts para A e B, Q receberá 6 volts. Do contrário, Q receberá zero volts. Este é exatamente o comportamento que se espera de uma porta AND. A porta OR é ainda mais simples: é só juntar dois fios, A e B, para criá-la. Você também poderá utilizar dois relés paralelos, se assim o desejar.
Partindo desse axioma, é possível criar três portas básicas: E, OU ou NÃO (são mais comuns os seus equivalentes em inglês: AND, OR e NOT), a partir dos relés. Podemos juntar estas portas físicas usando os diagramas lógicos acima para criar um somador físico de 8 bits (ripple-carry adder). Se usarmos chaves simples (interruptores) para aplicar entradas A e B ao somador e juntarmos todas as oito linhas Q a lâmpadas, poderemos somar quaisquer dois números e ler os resultados nas lâmpadas ("acesas" = 1, "apagadas" = 0).
A lógica booleana sob a forma de portas simples é bastante direta. A partir delas, criam-se funções mais complexas, como a soma. A implementação física dessas portas é fácil e possível. Desses três fatores, obtemos o coração da revolução digital e podemos entender, em profundidade, como funcionam os computadores.

Mais informações

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Como funcionam os CDs
por Marshall Brain - traduzido por HowStuffWorks Brasil

Introdução

CDs
Os CDs e os DVDs estão em toda parte. Sejam usados para armazenar música, dados ou software de computador, eles se tornaram a mídia padrão para a distribuição de grandes quantidades de informações em um pacote confiável. Se você tem um computador e uma unidade de CD-R (com capacidade de gravação), pode criar seus próprios CDs, incluindo ali as informações que desejar.

Neste artigo, vamos dar uma olhada em como funcionam os CDs e as unidades de CD. Também vamos ver as diferentes formas de CDs e o que o futuro reserva para essa tecnologia.

Michael Jackson e Beatles
A queda da venda de CDs nos Estados Unidos desacelerou no terceiro trimestre do ano, em grande parte devido a relançamentos de álbuns dos Beatles e de Michael Jackson.
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Entendendo o CD: material


Novo formato
Em um esforço para minimizar a crescente queda nas vendas de CDs, gigantes da indústria fonográfica estão desenvolvendo um novo formato para álbuns de música digital.

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Como foi discutido em Como funcionam as gravações analógica e digital, um CD pode armazenar até 74 minutos de música, de modo que a quantidade total de dados digitais que deve ser armazenada em um CD é de:
44.100 amostras/canal/segundo x 2 bytes/amostra x 2 canais x 74 minutos x 60 segundos/minuto = 783.216.000 bytes
Encaixar mais de 783 megabytes (MB) em um disco de somente 12 cm de diâmetro requer que os bytes individuais sejam muito pequenos. Examinando a construção física de um CD, você pode começar a entender quão pequenos são esses bytes.
Um CD é um pedaço de plástico bastante simples, com cerca de 1,2 mm de espessura. A maior parte de um CD consiste de uma peça de plástico de policarbonato transparente moldada por injeção. Durante a fabricação, esse plástico é impresso com sulcos microscópicos dispostos como uma trilha de dados em espiral, contínua e extremamente longa. Vamos falar desses sulcos daqui a pouco. Assim que a peça transparente de policarbonato é formada, uma fina camada refletora de alumínio é micropulverizada sobre o disco, cobrindo os sulcos. Em seguida, uma fina camada de acrílico é pulverizada sobre o alumínio para protegê-lo. A etiqueta é então impressa sobre o acrílico. Uma seção transversal de um CD completo (fora de escala) se parece com isto:



Seção transversal de um CD
 

Entendendo o CD: a espiral


Um CD possui uma trilha espiral de dados que circula do lado interno para o lado externo do disco. O fato de a trilha espiral começar no centro significa que o CD pode ser menor do que 12 cm, se desejado e, de fato, há cartões de figurinhas de beisebol e cartões de visitas que você pode colocar em um CD player. Os cartões de visita em CD guardam aproximadamente 2 MB de dados antes que o tamanho e o formato do cartão interrompam a espiral. O que a foto à direita nem sequer permite imaginar é o tamanho incrivelmente pequeno da trilha de dados: ela tem aproximadamente 0,5 mícron de largura, com 1,6 mícron separando uma trilha da próxima (um mícron é um milionésimo de um milímetro). E os sulcos são ainda menores...

Os sulcos na trilha de um CD

Cada sulco alongado que compõe a trilha tem 0,5 mícron de largura, comprimento mínimo de 0,83 mícron e altura de 125 nanômetros (um nanômetro é um bilionésimo de um metro.) Olhando os sulcos através da camada de policarbonato, eles se parecem com isto:

Você freqüentemente ouvirá falar de "pits" em vez de sulcos do CD. Eles aparecem como "dentes" no lado do alumínio, mas são sulcos no lado de leitura do laser.
As dimensões incrivelmente pequenas dos sulcos formam uma  trilha espiral extremamente longa. Se você pudesse arrancar a trilha de dados de um CD e esticá-la em uma linha reta, ela teria 0,5 mícron de largura e quase 5 quilômetros de comprimento!
Para ler algo assim tão pequeno você precisa de um mecanismo de leitura de disco extremamente preciso. Vamos dar uma olhada nisso.

veja mais aqui..isto é o restante:


Componentes do CD player

6. 
O que o CD player faz: foco do laser



 

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