terça-feira, 6 de setembro de 2016

Como se analisa uma pintura - PINTURAS


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Muitas de pessoas olham mas não sabem como se analisa uma pintura, conseguem olhar, mas não conseguem analisar a obra. Muitas outras pessoas sabem o que sentem ao ver uma obra de arte, embora a maior parte das vezes não saibam como explicar a sensação. Outras pessoas simplesmente julgam uma pintura pelo simples facto de gostar ou não gostar dela.
Algumas pinturas transmitem tranquilidade e calma, outras no entanto inspiram caos e stress.
Não interessa quão diferentes são umas obras de outras, de que estilo são ou que época representam… Existem regras simples e comuns a todas as obras de arte que nos permitirão fazer uma analise delas e perceber a sua perfeição…essas regras definem a chamada “composição” e é através destas regras que podemos aprender como se analisa uma obra de arte.
A continuação apresento-vos uma serie de regras que nos ajudarão a analisar obras de arte, baseados nos preceitos de Kandinsky

Como se analisa uma pintura

Composição

Composição pictórica, não é outra coisa que a forma como o artista distribui os elementos objecto da sua representação no seu “plano básico”, plano este que se refere á tela e é por regra geral de forma rectangular.
Esta dita distribuição, baseia-se nos conceitos básicos da natureza como são por exemplo; equilíbrio e simplicidade, acima, abaixo, direita e esquerda

Pesos Visuais.

Pesos visuais na composiçãoKandinsky propôs dividir o plano básico em quatro partes iguais, mediante uma linha vertical e uma horizontal cuja intersecção fosse exactamente, o meio.
Então estabelece uma relação na qual, a metade superior é a que possui menos peso visual e a parte inferior a que suporta maior peso visual.
“Peso Visual” é o efeito óptico que produz uma figura grande e maciça ou uma cor intensa… São zonas que intuitivamente percebemos como “carregadas”
A segunda relação que estabelece tem a ver com o peso e a relação entre directa-esquerda. Assim, define que a zona mais pesada de todas será a que corresponde ao inferior directo e a zona mais leve será a superior esquerda, como vemos aqui representado na figura.
Estes conceitos servem para identificar os pesos visuais dentro de um quadro e a relação que têm os elementos no seu interior. Não significa que o peso estará sempre no canto inferior direito.
Em muitas ocasiões o maior peso visual se encontra no centro ou até na zona superior. Nestes casos o efeito do peso é mais evidente, devido ao facto de estar a figura a ocupar uma secção mais leve que nos atrai mais a atenção e nos obriga a olhar para ela uma e outra vez.

Os centros

Os “centros” são aquelas partes de uma obra que consideramos as mais importantes. Existe sempre um centro principal e pode haver um ou vários secundários.
É fácil de os identificar, porque chamam a nossa atenção de imediato.
Por exemplo, no caso do conhecido quadro “Monalisa” de Leonardo da Vinci , o centro é sem duvida o rosto da mulher…

Os Eixos

A Gioconda ou monalisa e a composiçãoOs “Eixos”, são linhas imaginárias, horizontais, verticais e obliquas em relação as quais é construída a composição ou distribuídos os elementos que conformam a pintura.
Estas linhas são feitas em relação a posição que ocupam os centros na obra.
Continuando com a “Monalisa”, os eixos mais evidentes são um vertical que atravessa a mulher e divide o quadro em duas metades perfeitas. Há também um eixo horizontal a altura dos ombros.

Equilíbrio

Trata-se da sensação de estabilidade que transmite a pintura, embora o conteúdo possa ser completamente caótico.
Toda boa obra de arte esta em completo equilíbrio. Trata-se por tanto da possibilidade de distribuir os elementos dentro do espaço do plano básico de maneira que conformem uma harmonia de conjunto.
Perceber o equilíbrio numa pintura é uma questão intuitiva, que só se compreende intelectualmente ao ser analisada. Temos que observar por exemplo, em que lugares foram colocados os pesos visuais, e as razões pelas quais esse peso é tolerado nessa posição.
Se por exemplo, o maior peso se encontra nas secções mais leves do plano básico, é porque há pesos menores em zonas inferiores que compensem o primeiro, e assim a obra mantêm o seu equilíbrio.

Linhas

Refere-se as linhas que contornam as figuras, que as delimitam ou que marcam certas direcções.
Podem ser linhas arredondadas, quebradas, grossas ou finas. Por si próprias podem ser muito eloquentes: imaginemos uma linha horizontal que define o horizonte ou uma simples linha obliqua que apareça para dar sensação de profundidade.

Tensão Dinâmica

Este conceito define as forças que criam movimento na obra.
Mais uma vez, se repararmos na “Monalisa”, concluímos que ela representa uma mulher quieta, mas não inerte, ou seja, percebemos que ela esta viva. As tensões são expressadas mediante efeitos visuais.
Em primeiro lugar o movimento depende da proporção:
No circulo, por exemplo, as forças dinâmicas actuam a partir do centro em todas as direcções.
No ovalo e o rectângulo, a tensão se observa a partir do eixo maior.
O conteúdo de uma obra definirá em que direcção sobre o eixo a direccionalidade é mais facilmente perceptível.
Outros recursos para criar movimento são a inclinação das linhas, a deformação das figuras e a interacção das cores que contrastam.
A dinâmica numa composição se consegue quando o movimento de cada um dos detalhes corresponde ao movimento do conjunto. A obra de arte se organiza a volta de um tema dinâmico dominante a partir do qual o movimento se propaga por toda a composição.

A tendência a simplicidade

O ser humano percebe as estruturas, e não os elementos isolados. Isto quer dizer que quando observamos uma pintura, não olhamos para ela como a soma das partes, mas sim como um todo.
Ao olharmos tendemos a simplificar e relacionar de acordo com certos critérios que nos ajudam a perceber o entorno organizadamente.

Relação figura-fundo.

Nas obras pictóricas alguns objectos são percebidos como “a frente” e “detrás”, permitindo-nos elucidar a quantidade de planos de profundidade que a composição contem e estabelecer relações de localização, tamanho, etc.

O conteúdo: denotação Vs Conotação.

Rudolph Arnheim, filósofo alemão que se especializou na análise das obras de arte e na chave para a sua produção, escreveu que: “toda obra de arte deve expressar algo. Isto é, em primeiro lugar, que o conteúdo da obra deve ir além da apresentação dos objectos individuais que a conformam”.
Estes objectos individuais são os representativos ou denotados, ou seja, aqueles que se identificam sem esforço. Também se conhecem como signos icónicos. Na “Gioconda ou Monalisa”, os signos icónicos são a figura da mulher e a paisagem detrás. Num quadro abstracto, um signo icónico pode ser um círculo coloreado o uma mancha sem forma específica.
Mas para analisar una pintura é importante afastar-se o mais possível da impresão do que é puramente denotativo. Se nos guiarmos unicamente pelos signos icónicos, o máximo que podemos concluir em relação a “Gioconda ou Monalisa” é que representa uma mulher sentada.
Quando frente a uma obra de arte nos agarramos ao significado explícito -ou seja o mais claramente denotado-, estamos renunciando ao desafio implícito.
Este desafio consiste em descobrir o que conota la obra, o que nos quer dizer além do que mostra.

Textura, forma, cor

Estes três elementos, que utilizam os pintores, são imprescindíveis para terminar de compreender a força expressiva da obra. Nenhum deles têm significado por si próprios, mas ao serem utilizados dentro do contexto de uma obra, lhe aferem de sentido.
Assim, uma composição recheada de cores vivos e luminosos, conota alegria e vivacidade. Uma pintura com cores ocres e apagados, com poucos contrastes, pode transmitir-nos tristeza e opressão
A textura que utiliza o artista pode também transmitir diferentes emoções. Esta pode ser criada pelo efeito das cores, ou directamente pela pincelada. Uma pincelada grossa e furiosa pode transmitir inquietude. Uma pincelada suave e fina nos transmitirá calma.
Quando falamos da forma como signo plástico, não nos referimos a figura em si, mas á maneira em que esta foi organizada e como interactua com as outras.
Podem estar em harmonia ou contrastar duramente. Podem ser violentas ou suaves, grandes ou pequenas, desconstruídas ou firmes.
Exemplo:
Os pintores sabem que o estilo com que desenvolvem as suas formas constituirá o carimbo de expressão da obra.
Vários auto-retratos de Van Gogh (pintor holandês 1853-1890) estão carregados de uma forte expressividade, não tanto pelas cores que utiliza, ou pelo gesto dos rostos, mas sim pelas formas convulsionadas e ondulantes que utiliza para representar o fundo. Essas ondulações, por si próprias, não significariam nada, mas colocadas detrás do rosto de Van Gogh, conferem a obra uma enorme carga de movimento e exaltação, que de certa forma nos fala da interioridade do pintor.

A prática faz o mestre

Para aprender a olhar temos que começar por olhar. Quero dizer com isto que de facto identificar todos os elementos que descrevemos não é tarefa fácil.
As obras de arte necessitam de o compromisso por parte do espectador. A verdadeira obra artística obriga-nos a esforçar-nos para elucidar o que nos quer comunicar, o que tem para nos dizer.
É por isto que cada vez que veja e analise mais obras, mais habilidades desenvolverá para as compreender.
É como tudo, uma questão de prática, paciência e intuição.

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