sexta-feira, 20 de agosto de 2010

rede wireless part 1

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

curso de rede wireless

1 – Introdução


As Redes sem fio ou wireless (WLANs) surgiram da mesma forma que muitas outras tecnologias; no meio militar. Havia a necessidade de implementação de um método simples e seguro para troca de informações em ambiente de combate. O tempo passou e a tecnologia evoluiu, deixando de ser restrita ao meio militar e se tornou acessivel a empresas, faculdades e ao usuário doméstico. Nos dias de hoje podemos pensar em redes wireless como uma alternativa bastante interessante em relação as redes cabeadas, embora ainda com custo elevado.  Suas aplicações são muitas e variadas e o fato de ter a mobilidade como principal característica,  tem facilitado sua aceitação, principalmente nas empresas.

A evolução dos padrões oferecendo taxas de transmissão comparáveis a Fast Ethernet por exemplo, torna as redes wireless uma realidade cada vez mais presente.
WLANs usam ondas de radio para transmissão de dados. Comumente podem transmitir na faixa de frequência 2.4 Ghz (Não licenciada) ou 5 Ghz.

1.1 - Padrões

Como WLANs usam o mesmo método de transmissão das ondas de radio AM/FM, as leis que as regem são as mesmas destes. O FCC (Federal Comunications Comission), regula o uso dos dispositivos WLAN. O IEEE ( Institute of Eletrical and Eletronic Engineers) é responsável pela criação e adoção dos padrões operacionais. Citamos os mais conhecidos:

IEEE 802.11
  • Criado em 1994, foi o padrão original.
  • Oferecia taxas de transmissão de 2 Mbps.
  • Caiu em desuso com o surgimento de novos padrões.
IEEE 802.11b
  • Taxas de transmissão de 11Mbps.
  • Largamente utilizada hoje em dia.
  • Opera em 2.4Ghz
  • Alcance de até 100m indoor e 300m outdoor
  • Mais voltado para aplicações indoor
  • Tende a cair em desuso com a popularização do 802.11g
IEEE 802.11ª
  • Taxas de transmissão de 54Mbps.
  • Alcance menor do que a 802.11b.
  • Opera em 5Ghz
  • Alcance de até 60m indoor e 100m outdoor
  • Mais voltado para aplicações indoor
  • Seu maior problema é a não compatibilidade com dispositivos do padrão b , o que prejudicou e muito sua aceitação no mercado.
IEEE 802.11g
  • Taxas de transmissão de 54Mbps podendo chegar em alguns casos a 108Mbps.
  • Opera em 2.4Ghz
  • Mais voltado para aplicações indoor.
  • Reúne o melhor dos mundos a e b. (alcance x taxa)
IEEE 802.16a
  • Criado em 2003.
  • Popularmente conhecido como Wi-Max
  • Voltado exclusivamente para aplicações outdoor
  • Alcance de até 50Km
  • Taxas de tranmissão de até 280Mbps

1.2 – Técnicas de Transmissão

WLANs usam uma técnica de transmissão conhecida como difusão de espectro (Spread Spectrum). Essa técnica se caracteriza por larga largura de banda e baixa potência de sinal. São sinais dificeis de detectar  e mesmo interceptar sem o equipamento adequado. Existem dois tipos de tecnologias de Spread Spectrum regulamentadas pelo FCC: Direct Sequence Spread Spectrum (DSSS) e Frequency Hopping Spread Spectrum (FHSS).

DSSS
  • Menos resistente a interferência
  • Compatibilidade com equipamentos de padrões anteriores
  • Taxa de Transmissão de 11 Mbps
  • Menor segurança
  • Possui 11 canais, mas destes somente 3 são não-interferentes e os efetivamente usados para transmissão – Canais : 1, 6 e 11
FHSS
  • Mais resistente a interferência
  • Não possui compatibilidade com equipamentos de padrões anteriores
  • Taxa de transmissão de 2Mbps
  • Maior segurança
  • 79 canais disponíveis para transmissão

Obs: No mundo das WLANs , o DSSS é a tecnologia utilizada.


Figura 1 – Canais não interferentes no DSSS

1.3 – Elementos de Hardware

Na tabela a seguir descrevemos os componentes de uma WLAN

PC Card
  • Usado somente em notebooks
  • Serve para conectar o notebook a rede wireless
  • Possui antena interna imbutida
Placas PCI
  • Usado somente em desktops
  • Serve para conectar o desktop a rede wireless
  • Possui antena externa acoplada a saída da placa
 Adaptadores USB
  • Pode ser usado em notebooks ou desktops
  • Serve para conectar o notebook ou desktop a rede wireless
  • Possui antena interna imbutida
 Pontos de Acesso
 
  • Concentra todo o tráfego da rede wireless além das conexões oriundas dos clientes.
  • Possui um identificador que identifica a rede chamado SSID.
  • Interface entre a rede wireless e a rede cabeada por possuir porta UTP 10 ou 100Mbps
  • Possui antena interna imbutida
  • Suporta a conexão de antenas externas, na maioria dos casos
Pontes Wireless Workgroup
  • Agrupa vários clientes LAN e transforma essa LAN em único cliente WLAN.
  • Recomendado em situações em que um pequeno grupo de usuários necessita de acesso a rede principal.
  • O número máximo de estações que pode ser conectado está compreendido entre 8 e 128, dependendo do fabricante.
Pontes Wireless
  • Conecta duas ou mais redes
  • Compreende 4 modos de operação: Root, Non-Root, Access Point e Repeater.
  • Possui a capacidade de formação de backbone wireless através de 2 PC Cards.
 Gateways
  • Conecta um pequeno número de dispositivos wireless a internet ou outra rede
  • Possui uma porta WAN e várias portas LAN. Geralmente tem um hub ou switch embutido e possui as funcionalidades de um Ponto de Acesso.
Antenas
  • Podem ser conectadas a pontos de acesso ou a máquinas clientes para aumentar o ganho do sinal e assim melhorar a transmissão de dados.
  • Podem ser direcionais ou omni-direcionais.

1.4 – Tipos de WLAN

Uma WLAN pode ser utilizada tanto na forma Indoor quanto na forma Outdoor

» Indoor

Dizemos que uma WLAN é indoor quando o sinal está sendo transmitido em ambiente fechado normalmente na presença de muitos obstáculos, um escritório é um bom exemplo.

Não há necessidade de visada direta entre as antenas para que haja comunicação. Alcance pequeno em torno de até 300 metros. Podem ter a presença de um Ponto de Acesso ou não.

ADHOC
  • Não existem Pontos de Acesso (AP)
  • Comunicação feita cliente – cliente
  • Não existe canalização do tráfego
  • Performance diminui a medida que novos clientes são acrescentados
  • Suporta no máximo 5 clientes para uma performance aceitável com tráfego leve
Infraestrutura
  • Necessidade de um Ponto de Acesso (AP)
  • Comunicação cliente – cliente não é permitida. Toda a comunicação é feita com o AP.
  • Centralização do tráfego. Todo o tráfego da Rede passa pelo AP.
  • Compreende dois modos de operação: BSS (Basic Service Set), ESS (Extended Service Set)

BSS – Consiste de um Ponto de Acesso ligado a rede cabeada e um ou mais clientes wireless. Quando um cliente quer se comunicar com outro ou com algum dispositivo na rede cabeada deve usar o Ponto de Acesso para isso. O BSS compreende uma simples célula ou área de RF e tem somente um identificador (SSID). Para que um cliente possa fazer parte da célula ele deve estar configurado para usar o SSID do Ponto de Acesso.


Figura 2 – Sistema BSS

ESSS – São 2 sistemas BSS conectados por um sistema de distribuição, seja ele LAN, WAN, Wireless ou qualquer outro. Necessita portanto de 2 Pontos de Acesso.
Permite  roaming entre as células. Não necessita do mesmo SSID em ambos os BSS.


Figura 3 – Sistema ESS

» Outdoor

Dizemos que uma WLAN é outdoor quando o sinal está sendo transmitido ao ar livre, uma comunicação entre dois prédios é um bom exemplo. As antenas ficam nos topos dos prédios e para que haja comunicação é necessário haver visada direta entre elas. Possui longo alcance podendo chegar a vários kilômetros.


1.5 – Aplicações

Hoje em dia a utilização das WLANs deixou de estar restrito a grandes empresas ou faculdades. Com os preços dos equipamentos mais acessiveis, elas acabaram atraindo a atenção do usuário comum devido a sua ampla gama de possibilidades de utilização. Vejamos os mais comuns.

» Expansão da Rede Cabeada

Podem haver casos em que a expansão de uma rede seja inviável devido ao custo proibitivo da estrutura necessária para o cabeamento adicional (cabos, contratação de instaladores e eletricistas), ou casos onde a distância pode ser muito grande (acima de 100 metros) para se usar cabos CAT5, como em uma loja de departamentos por exemplo. Em tais casos WLANs certamente serão uma alternativa de baixo custo e de fácil implementação.


Figura 4 -

» Conexão entre prédios

É muito comum uma empresa ter escritórios em prédios diferentes que necessitam estar conectados a mesma infra estrutura de rede. O que era comum para atingir esse objetivo era alugar linhas privadas de uma companhia de telefonia ou utilizar passagens subterrâneas para a infra de cabos. Esses métodos eram dispendiosos e demorados para implementar. WLANs surgem como uma alternativa de rápida implementação e de baixo custo comparados aos métodos tradicionais. A comunicação entre os prédios se torna possivel graças as antenas e aos equipamentos wireless de cada um deles.

A comunicação pode ser realizada basicamente de duas formas no que se refere a  conectividade prédio a prédio.

PTP – Ponto a Ponto. São conexões wireless entre dois prédios e usam antenas direcionais de alto ganho em cada um deles.


Figura 5 – Comunicação Ponto a Ponto

PTMP – Ponto-Multiponto. São conexões wireless entre 3 ou mais prédios, sendo que um atua como central. No prédio central usa-se uma antena omni-direcional e nos outros antenas direcionais.


Figura 6 – Comunicação Ponto Multiponto

Obs: Em ambos os tipos de comunicação é fundamental haver visada direta entre as antenas.

» Serviços de Última Milha

Esse tipo de serviço é largamente utilizado por provedores internet para levar o acesso a internet até a uma localidade remota que não dispõe dos meios tradicionais de acesso em banda larga (xDSL e cable modem).

A grande vantagem é que os custos de instalação são bem menores se comparados aos métodos tradicionais, mas sempre tem que ser levado em conta a situação e a relação custo x benefício. Da mesma forma que provedores xDSL tem problemas com distâncias grandes a partir do escritório central e provedores de cabos tem problemas com a meio sendo compartilhado pelos usuários, provedores wireless tem problemas com telhados, arvores, montanhas, torres e muitos obstáculos.

Embora provedores wireless não tenham uma solução a prova de falhas, eles podem levar seus serviços até onde outros de tecnologias tradicionais não conseguem.


Figura 7 – Serviço de Última Milha

» Mobilidade

Uma das principais características da tecnologia wireless é a mobilidade, que por sua vez pode acarretar em um aumento real de produtividade em determinados casos, tais como uma loja de departamentos.

Em uma loja de departamentos os funcionários responsáveis por catalogar os produtos, podem estar munidos de scanners de mão wireless e estes por sua vez estarem conectados a um computador central por meio de uma rede wireless. Existe uma economia de tempo brutal nesse caso e um consequente aumento de produtividade porque não há necessidade da entrada de dados manual através de um terminal ligado ao computador central por meio de cabos. Os dados são transferidos automaticamente.

» Escritórios Móveis

Imagine que você tem uma empresa de treinamento e gostaria de divulgar seus serviços ao público em geral. Sua empresa possui um trailer e seu desejo é usá-lo como uma sala de aula móvel com acesso a internet e poder também divulgar serviços oferecidos pela sua empresa. Uma boa maneira de viabilizar isso seria com a tecnologia wireless.  Para tal seria necessário uma antena omni-direcional posicionada no topo do prédio da sua empresa e outra direcional de alto ganho no alto do veículo, além dos computadores e mais alguns equipamentos.  Lembrando que a sua mobilidade estaria restrita a área de cobertura da antena omni-direcional.

» Hotspots

São pontos de acesso wireless que permitem ao usuário conectar-se na internet estando em locais públicos como aeroportos, shoppings, hotéis, cafeterias e outros...
Bastaria um laptop com um PCCard e uma conta de acesso da provedora do serviço para estar navegando na internet nesses locais, não esquecendo que o usuário é cobrado pelo uso do serviço.

» Uso doméstico

Na sua casa você pode ter mais de um computador que necessita de acesso a internet. Normalmente você necessitaria levar cabos para esses computadores adicionais a partir do hub em que também está conectado o computador que acessa a internet.

Com a tecnologia wireless a passagem de cabos se torna desnecessária (o que muitas vezes pode resultar em significativa economia de tempo) e se você tiver um notebook você ganha mobilidade. Imagine poder acessar a internet do seu notebook estando em qualquer cômodo da casa? Ou ainda no caso do computador, mudá-lo do quarto para a sala se houver necessidade, sem se preocupar em passar cabos?

No que se refere ao custo, instalar uma rede wireless ainda é bem mais caro que uma rede cabeada, mas os benefícios compensam. A tabela abaixo ilustra a diferença de custo (preços médios) para 2 computadores (um notebook e um desktop), distantes 15m do hub ou switch. O notebook e o desktop já possuem placa de rede.


Figura 8 – Rede doméstica wireless com acesso a internet




Redes Wireless – Parte III


2 – Fundamentos de RF


Toda a transmissão e recepção de sinais no mundo wireless se baseia em Radio Frequência (RF). O comportamento da RF poderia até afetar a performance de uma WLAN. Logo, um bom entendimento dos conceitos de RF será de grande utilidade na implantação, expansão, manutenção e troubleshooting de redes wireless.

2.1 - Introdução

Sinais de Radio Frequência são sinais de alta frequência que se propagam por um condutor de cobre e são irradiados no ar através de uma antena. Na prática uma antena converte um sinal cabeado em um sinal wireless e vice-versa. Esses sinais são então irradiados no ar livre na forma de ondas de rádio e se propagam em linha reta e em todas as direções.

Você pode imaginar essas ondas como circulos concêntricos que vão aumentando seu raio a medida que se afastam da antena. Mas não é preciso ter uma antena para visualizar o formato dessas ondas. Basta pegar uma pedra e atirar em um lago por exemplo, o efeito é o mesmo.


Figura 9 – Ondas de RF

2.2 – Ganho de Potência

Todo sinal elétrico que se propaga em um meio, independente de qual seja esse meio, sofre uma perda na sua amplitude, ou seja, perde potência. Porém essa perda de potência pode ser compensada com uso de equipamentos tais como amplificadores de RF que amplificam o sinal. Veja a figura 10:


Figura 10 – Sinal de RF visto por um Osciloscópio

Observe que o sinal original está representado pelo traço pontilhado e o sinal amplificado pelo traço cheio.

O uso de fontes de potência externas para amplificar o sinal é um processo ativo.

Ganho de potência também pode ser obtido por processos passivos, tais como reflexão do sinal. Quando o sinal se propaga em um meio, pode haver reflexão do mesmo, essa reflexão pode ser entendida como um desdobramento do sinal original em sinais de menor amplitude que se somam ao sinal original aumentando seu ganho.

Porém essas reflexões nem sempre se somam ao sinal original. Não há como ter controle sobre esse processo.

2.3 – Perdas

Conforme dito anteriormente, todo sinal que se propaga em um meio sofre uma perda na sua amplitude a medida que percorre esse meio, seja esse meio um cabo ou o ar livre. Portanto, quanto maior a distância percorrida pelo sinal menor será a sua amplitude, sua potência. Normalmente essa redução na amplitude é causada pelas resistências de cabos e conectores. O não casamento de impedâncias entre cabos e conectores pode fazer com que parte da potência do sinal seja refetida de volta para a fonte, causando assim degradação do sinal. Objetos que estejam no meio do caminho de um sinal de RF podem refletir ou absorver esse sinal, tudo vai depender do material de que é composto esse objeto.

Calcular a perda de RF entre um transmissor (antena) e um receptor (rádio) é muito importante. Todo rádio tem uma sensibilidade de recepção, através do qual se distingue um sinal de um ruido. Logo, é preciso garantir que o sinal chegue ao receptor em um nível de potência que esteja dentro desse parâmetro (sensibilidade) para que ele possa ser reconhecido e possa haver comunicação.  Uma forma de compensar essa perda, é utilizar amplificação no transmissor ou direcionar o sinal de forma que não passe pelos objetos que estão causando a perda.

2.4 – Reflexão

Refexão ocorre quando um sinal de RF incide sobre um objeto que tem dimensões muito largas quando comparado ao comprimento de onda do sinal. Prédios, paredes e muitos outros obstáculos podem causar reflexões. Dependendo da superficie do obstáculo, o sinal refletido pode permanecer intacto ou sofrer perda devido a absorção de parte do sinal.

Reflexões podem causar muitos problemas em WLANs tais como degradação ou cancelamento do sinal original ou buracos em uma área de cobertura. A reflexão do sinal original em uma área de transmissão damos o nome de multipath.

Reflexões dessa magnitude nunca são desejáveis e requer mecanismo especial para compensá-las.


Figura 11 – Reflexão de sinal

2.5 – Refração

Refração é o desvio que uma onda de rádio sofre ao passar através de um meio de densidade diferente, conforme ilustrado na figura 12. Na realidade quando uma onda de rádio atravessa um meio de densidade diferente, parte da onda é refletida e parte sofre um desvio em outra direção.
Refração pode se tornar um problema para links RF de longa distância. Como as condições atmosféricas estão sujeitas a variações, refração pode fazer com que o sinal sofra um desvio acentuado de forma que o sinal não chegue ao receptor.


Figura 12 – Reflexão e Refração

2.6 – Difração

A difração ocorre quando o caminho entre o transmissor e o receptor é obstruido por uma superficie com bordas de tamanhos irregulares. Nesse caso parte do  sinal sofre um desvio na sua direção, passando a circundar a superficie como mostra a figura 13.

Parte do sinal que circunda a superfície sofre um retardo na sua velocidade de  propagação enquanto que a outra parte mantém a velocidade de propagação original.

Dependendo do tamanho do objeto, o sinal pode até ser inteiramente bloqueado.

Difração é comumente confundida com refração. Mas a principal diferença é que difração ocorre quando um sinal incide sobre um objeto e refração ocorre quando um sinal atravessa um meio.


Figura 13 – Como acontece a difração

2.7 – Espalhamento

O espalhamento ocorre quando o sinal atravessa um meio que consiste de objetos com dimensões que são pequenas se comparados ao comprimento de onda do sinal e o número de obstáculos por unidade de volume é grande. Telhados, pequenos objetos e outras pequenas irregularidades no caminho do sinal podem causar espalhamento do mesmo.

O espalhamento pode causar sérios prejuizos em uma área de transmissão. Dependendo da superfície atingida, o sinal é refletido em muitas direções simultâneamente com amplitudes menores interferindo significativamente  no sinal original, podendo causar degradação substancial ou mesmo perda completa do mesmo.


Redes Wireless – Parte IV


2.8 – VSWR


VSWR (Voltage Standing Wave Radio) pode ser definido como um indicador de quantidade de sinal refletida de volta ao transmissor em um circuito RF. Para que toda potência transmitida chegue a antena, a impedância de cabos e conectores deve ser a mesma (casamento de impedância), do contrário teremos parte do sinal transmitido sendo refletido na linha no ponto onde não há esse casamento.

Essa parte do sinal que é refletida contribui para a variação no nível do sinal que está sendo transmitido.

VSWR é expresso como uma relação entre dois números. Esses dois números confrontam um situação de não casamento de impedância e uma outra situação em que há o casamento de impedância perfeito. Um valor típico de VWSR seria 1.5:1. O segundo número é sempre 1. Quanto menor o valor do primeiro número (mais próximo de 1), melhor casamento de impedância seu sistema terá e conseqüentemente menos sinal refletido na linha. Logo, um circuito RF com VSWR de 1.4:1 é melhor do que outro com 1.5:1. Um VSWR com 1.1:1 significa casamento de impedância perfeito e a garantia de que não sinal refletido de volta para o transmissor.

Um VSWR excessivo poderia causar sérios problemas em um circuito RF, além dos já citados. Pode haver inclusive queima de componentes eletrônicos, porque os dispositivos não tem nenhuma proteção contra esse sinal refletido que volta para o transmissor. Algumas medidas podem ser tomadas para evitar os efeitos negativos da VSWR:

» O uso de dispositivos de alta qualidade .
» Conexões bem apertadas entre cabos e conectores.
» Cabos, conectores e todos dispositivos do transmissor até a antena, devem possuir impedâncias mais próxima um dos outros quanto possível, ou seja nunca usar cabos de 75 ohms com dispositivos de 50 ohms.

O VSWR em um circuito RF pode ser medido com instrumentação adequada.

2.9 – Antenas


Antenas são um dos principais elementos presentes em um circuito RF. É através delas que os sinais de RF são transmitidos e recebidos. Existem dois pontos fundamentais que precisamos saber sobre antenas.

» Convertem sinais elétricos em sinais de RF e vice-versa.
» As dimensões físicas de uma antena estão diretamente relacionadas a frequência na qual a antena pode propagar e receber ondas de RF.

As antenas podem ser classificadas em Omni-direcionais e direcionais. As omni irradiam em todas as direções, enquanto que as direcionais apenas em uma determinada direção.

2.9.1 – Visada Direta

Para que haja comunicação entre transmissor e receptor em um circuito RF é preciso que haja visada direta entre as antenas dos dois lados. Por esse motivo, elas devem estar posicionadas nos lugares mais altos (normalmente topos dos prédios) e livres de obstáculos para que não ocorram os já citados fatores de reflexão, difração e espalhamento. Podemos fazer uma analogia com um tubo e duas pessoas, uma em cada extremidade com uma lanterna. Uma pessoa pode ver perfeitamente a luz da lanterna da outra se não há nenhum obstáculo entre elas. Porém, dependendo do tamanho do obstáculo, a quantidade de luz que pode ser vista em cada extremidade é prejudicada ou pode até ser bloqueada inteiramente. Traduzindo para o caso de ondas RF,  o link poderia ser seriamente afetado ou mesmo interrompido.


Figura 15 – Visada direta entre duas antenas

2.9.2 – Zona de Fresnel

A Zona de Fresnel é um aspecto de suma importância no planejamento e troubleshooting de um link RF.

Pode ser definida como uma série de elipses concêntricas em torno da linha de visada. Ela é importante para a integridade do link porque determina uma área em torno da linha de visada que pode introduzir interferência no sinal caso ele seja bloqueado.


Figura 16 – Zona de Fresnel

Objetos na Zona de Fresnel tais como árvores, prédios entre outros, podem produzir  reflexão, difração, absorção ou espalhamento do sinal, causando degradação ou perda completa do sinal.

O raio da zona de fresnel mais distante pode ser calculado pela seguinte fórmula:



Onde d é a distância do link em milhas, f é a frequência em Ghz e r expreso em pés.

Assim , para um link de 2 milhas na frequência de 2.4Ghz, teríamos:

r = 39.52 pés

e passando para quilômetros:

r = 1204.57 metros (1.2 km)

Levando em conta a importância de uma Zona de Fresnel desobstruída, é importante quantificar até que grau a zona de fresnel pode ser bloqueada sem que haja perda completa do sinal. Normalmente um bloqueio em torno de 20% introduz muita pouca ou nenhuma interferência no link.

Se a zona de fresnel do link proposto é bloqueada em mais de 20%, elevar as antenas aliviaria o problema.

2.9.3 – Ganho

Um elemento de antena, sem amplificadores e filtros associados a ela, é um dispositivo passivo. Não há nenhuma manipulação ou amplificação do sinal pelo elemento de antena. Uma antena pode criar um efeito de amplificação focando a radiação em um lóbulo estreito, da mesma forma que uma lanterna que emite luz a uma grande distância. O foco da radiação são medidos pelos lóbulos em graus horizontal e vertical. Por exemplo, uma antena omnidirecional tem um lóbulo de 360 graus. Se estreitássemos esse lóbulo para algo em torno de 30 graus, podemos levar essa mesma radiação a distância maiores. Veja as figuras 17 e 18, elas ilustram bem esse efeito, observe que há um achatamento dos lóbulos. O ganho é expresso em Db (decibéis).

Quanto maior for o ganho da antena mais estreito será seu lóbulo principal.


Figura 17 – Lóbulos de um elemento de antena, sem ganho


Figura 18 – Lóbulos de uma antena com ganho.

2.9.4 – Gerador de RF

Conforme definido pelo FCC, um gerador é um dispositivo de RF especificamente projetado para gerar sinais RF. Em termos de hardware, o gerador de RF incluiria o dispositivo RF e todos os conectores e cabeamento envolvidos, com exceção da antena, conforme mostrado na figura 19.


Figura 19 – Gerador de RF

2.9.5 – EIRP

EIRP (Equivalent Isotropic Irradiated Power), é a potência atualmente irradiada pelo elemento de antenna.

Este conceito é importante porque é regulado pelo FCC e porque é usado no calculo para avaliar a viabilidade de um link wireless. O ganho da antena também é levado em conta.


Figura 20 – Ilustrando o EIRP

Se uma estação de transmissão, usa uma antena de 10 Dbi, isso é amplifica o sinal de entrada em 10 vezes, e se temos um sinal de 100mw na entrada, o EIRP é de 1000mw ou 1 watt.

Redes Wireless – Parte V


2.10 – Cálculos de Potência


Depois de conhecermos vários conceitos de RF e sua importância em uma WLAN, torna-se necessário avaliar através de cálculos a viabilidade de um link wireless sem   infringir as regras do FCC no que se refere a limitações de potência. São quatro os aspectos importantes no cálculo de potência:

» Potência do dispositivo de transmissão.

» Perda e ganho entre o dispositivo de transmissão e a antena causada por conectores, cabos, amplificadores e atenuadores.

» Potência no último conector, antes de sinal RF entrar na antena.

» Potência no elemento de antena (EIRP).

2.10.1 – Unidades de Medida

2.10.1.1 – Watt (w)

Unidade básica de potência. É definido como 1 ampere(A) de corrente em 1 volt (V), logo: potência = volt x ampere (P=VA). O FCC permite no máximo 4 watts de potência a ser radiado de uma antena em uma WLAN ponto multiponto sobre a frequência de 2.4Ghz. Pode não parecer muita potência, mas é o suficiente para enviar sinais RF claros por quilômetros.

2.10.1.2- Miliwatt (mw)

Em WLANs, níveis de potência são comumente expressos em miliwatts(mw), ou seja (1/1000w). Em um segmento WLAN típico indoor, os níveis de potência raramente ultrapassam 100mw, o que é suficiente para se comunicar na faixa de 500 metros ou mais em condições ótimas. Os Pontos de acesso normalmente irradiam o sinal entre 30-100mw dependendo do fabricante.

2.10.1.3- Decibéis (DB)

Usado para expressar sinais da ordem de 0.000000001 watts. Normalmente um receptor que é muito sensível a sinais RF deve ser capaz de captar sinais desta ordem. O decibel é usado como uma forma mais inteligível de expressar esses sinais.

Decibéis estão relacionados a watts por uma expressão logarítmica com base 10. Assim se nós temos 1000 e queremos encontrar o log, teríamos como resposta, 3, porque , 1000 = 10³. Observe que na realidade o logaritmo nada mais é que o expoente.

Obs: Tanto DB como mw são os padrões utilizados pela industria para medidas de potência.

2.10.1.4 – Unidades de medida para perda e ganho

Perda e ganho de potência em um circuito são medidos em decibéis e não em watts. Isso se explica pelo fato de que perda e ganho são coneceitos relativos e decibel é uma medida relativa. Perder metade de potência em um sistema corresponde a perda de 3 decibéis. Se um sistema perde metade da sua potência (-3dB) e logo após perde a metade novamente, isso equivale a perda de ¾ da potência original. (1/2 da primeira mais a ½ da segunda). Como referência rápida, existem números relacionados a ganho e perda que deveríamos estar familiarizados:

-3 dB = Metade da potência em mw
+3 dB = Dobro da potência em mw
-10 dB = Um décimo da potência em mw
+10 dB = Dez vezes a potência em mw

Esses valores facilitam o cálculo da perda e ganho em um circuito RF sem o uso de uma calculadora. Em casos em que este método não é possível há fórmulas de conversão:

a) Convertendo mw para dBm:

          

b) Convertendo dBm para mw:

       

Observe que log -¹ na verdade é o logaritmo inverso.

2.10.1.5 – dBm

O ponto de referência que relaciona a escala logarítmica DB com a escala linear watts é :



o m em dBm, nada mais é que uma referência em relação a 1mw e logo uma medida em dBm é uma medida de potência absoluta.

Figura 21 – Diagrama de nível de potência

Observe no diagrama acima que o ponto de referência é sempre o mesmo, mas os níveis de potência podem se mover em qualquer direção do ponto de referência se eles representam perda ou ganho.

Podemos inclusive usar o diagrama acima como uma tabela de conversão.

Exemplo 1: Converter +43 dBm em mw

Observe que se formos expressar 43 em 10 e 3 teríamos:

43 = 10 + 10 + 10 + 10 + 3.

Olhando para o diagrama da figura 21, partindo do ponto de referência, seguindo para a direita, nós deveríamos multiplicar 4 vezes o fator de 10 mais uma vez o fator de 2.

1mw x 10 = 10 mw
10 mw x 10 = 100 mw
100 mw x 10 = 1000 mw
1000 mw x 10 = 10000 mw
10000 mw x 2 = 20000 mw = 20 w

Ou seja, + 43 dBm é igual a 20 watts.

Exemplo 2 : Converter  -26 dBm em uW

Expressando -26 em 10 e 3:

-26 = -10 -10 -3 -3

Olhando para o diagrama da figura 21, partindo do ponto de referência, seguindo para a esquerda, nós deveríamos dividir duas vezes o fator de 10 mais duas vezes o fator de 2.

1mw /10 = 100 uW
100uW /10 = 10 uW
10 uW /2 = 5 uW
5 uW / 2 = 2,5 uW

Ou seja, -26 dBm é igual a 2,5 microwatts

2.10.1.6 – dBi

Ao quantificarmos o ganho de uma antena, comumente a expressamos em dBi, que é uma medida relativa. O “i” se refere apenas a uma antena isotrópica. Conforme vimos anteriormente, uma antena isotrópica é teoricamente um transmissor ideal que irradia sinal em todas as direções com a mesma intensidade, com 100 % de eficiência em três dimensões. dBi é usado em RF da mesma maneira que DB.

Considere uma antena de 10 dBi com um 10 miliwatts de potência aplicada:

10mw + 10 dBi (acréscimo de 10 vezes) = 100 mw

Antenas não degradam o sinal, salvo se estiverem danificadas. O valor em dBi é sempre positivo.

Como dB, dBi é uma unidade de medida relativa e pode se adicionada ou subtraída de outras unidades decibel. Por exemplo, se um sinal RF sofre uma perda de 2dB antes de chegar a uma antena com ganho de 8 dBi, o sinal resultante tem um ganho de 6dB.

Exemplo 3 : Dado o circuito RF abaixo, calcular o sinal resultante irradiado pela antena, levando-se em conta os dados mostrados na tabela abaixo:





Para designar o nível de potência em vários pontos do circuito, faremos:

P1 – Potência de saída do Access point

P2 – Potência irradiada pela antena

P3 – Potência do sinal antes de chegar a antena.

Primeiramente vamos transformar a potência de saída do Access point para facilitar o calculo :

P (dBm) = 10 log 100

P1 = 10 x 2 = 20 dBm

Agora calculamos o sinal resultante computando as perdas causadas pelos conectores e o ganho da antena.

P2 = Potência do AP – perdas dos conectores + ganho da antena

P2 = 20 – 3 – 3 – 3 + 12 = 23 dBm =200 mw

Observe que o ganho real foi de 3 dB (o dobro) em relação ao sinal que sai do AP.

Para calcularmos o sinal que chega a antena, fazemos:

P3 = Potência do AP – perdas dos conectores

P3 = 11 dBm.
parte um
fim
continua.............

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