domingo, 11 de agosto de 2013

AS QUATRO ESTAÇÕES: Dicas para pintura de paisagens (José Rosário)

AS QUATRO ESTAÇÕES: Dicas para pintura de paisagens (José Rosário)

EDGAR WALTER - Paisagem
Óleo sobre tela - 65 x 80 - 1982
Com o término do inverno e a chegada das primeiras
chuvas de primavera, a vegetação se enche de brotos e
dá um espetáculo à parte sob a luz da manhã.


Apesar de o território brasileiro ocupar uma grande área, não temos por aqui estações climáticas tão bem definidas quanto a outros países mundo afora. Em quase todo o país, as estações se distinguem principalmente pela queda ou subida de temperatura, ficando assim a sensação que possuímos no ano, apenas inverno e verão.
Uma das causas é que quase a maior parte do território brasileiro está localizada entre as linhas que definem a região tropical do planeta, chamadas: Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio. Abaixo e acima dessas linhas, as estações já se definem com mais nitidez.
Mesmo assim, o mudar das estações aqui no Brasil, traz alterações consideráveis, e com o olhar um pouco mais curioso, podemos detectar que essas mudanças realmente acontecem. Elas interferem, e muito, no resultado das composições de paisagens.


T.M. NICHOLAS - Porto de Essex
Óleo sobre tela - 76 x 102
Em países localizados mais ao norte e ao sul do
globo terrestre, o inverno é marcado principalmente
pela incidência de grandes nevascas. Para captar cenas
como essas, é preciso um olhar atento e criterioso, pois são
bem variados os tons de cinzas azulados.

O volume de folhagens das árvores, o colorido mais ou menos acentuado, o aumento ou diminuição de contrastes, a umidade... Vários fatores como esses fazem com que certas cores entram ou saiam da paleta em momentos diferentes do ano. O uso correto de cores alternativas para estações diferentes, pode auxiliar consideravelmente para a captação desses sutis efeitos.
Se você quiser conseguir suas misturas usando apenas as cores primárias e secundárias, que é aliás uma regra que acho bastante desafiadora e instrutiva, desconsidere essas minhas próximas dicas. Agora, se acha que algumas variações dessas cores possam realmente colaborar com a obtenção de misturas mais ricas, essas sugestões serão bem válidas.



Clyde Aspevig e Carol Guzman pintando ao ar livre.
O exercício no local permite selecionar melhor os tons e as cores,
além de tornar o trabalho mais dinâmico e seguro.

CLYDE ASPEVIG - Pinheiros no outono
Óleo sobre tela - 76 x 102
Não temos no Brasil, estações muito bem definidas como certas regiões
dos Estados Unidos e países do hemisfério norte. Nessa demonstração,
Aspevig explora muito bem os tons quentes do outono americano.

Procurei criar uma paleta para cada estação do ano, tomando como referência a paisagem mineira, que é onde vivo, e na qual posso vivenciar minhas experiências. Ilustrarei com trabalhos meus e de outros artistas, que mesmo distantes da região onde moro, conseguiram misturas muito próximas das que consegui.
O exercício que mais ajudará na comparação dos efeitos das cores sobre as estações é, seguramente, a pintura ao ar livre (plein air painting). Sempre que possível, faça uso dessa poderosa atividade.
Em todas as paletas utilizei o branco de titânio, por se tratar da variedade menos tóxica dessa cor. Toxicidade é aliás, assunto para uma das próximas matérias.

VERÃO
O verão talvez seja a estação do ano que mais desafios ofereça ao artista, para a captação de seus efeitos. O verão brasileiro é, quase que na totalidade do território, muito úmido. Isso favorece o crescimento constante e maciço de vários tipos de plantas simultaneamente, criando um visual com predominância excessiva de verdes. Não é muito fácil, principalmente a iniciantes, captarem diferenças mínimas entre os verdes e fazerem delas aliadas seguras para ajudarem em sua composição. É de muita valia nessa empreitada, uma composição equilibrada, que mescle vegetação e áreas limpas, com a mostra de diferentes tonalidades de terras, bem como explorar cenas mais abertas, que dêem ênfase aos céus variados e geralmente nebulosos dessa estação.
Paleta de verão
Branco de titânio
Amarelo limão
Amarelo ocre
Verde esmeralda
Verde vessi
Azul de cobalto
Azul ftalo
Azul ultramar
Vermelho de cromo claro
Terra se siena natural
Terra de siena queimada
Carmim
Sépia
JOÃO BATISTA DA COSTA - Paisagem em Petrópolis
Óleo sobre tela - 102 x 150
Poucos artistas souberam captar tão bem a atmosfera de um verão
tipicamente brasileiro. Perceba que o excesso de verde que prejudicaria
uma composição amadora, ganha sofisticação nas mãos desse hábil pintor.
Tons mais azulados para as sombras e quentes sob a luz.

CÂNDIDO OLIVEIRA - Paisagem rural
Óleo sobre tela- 70 x 100
Áreas abertas, céus nebulosos e diferentes tons para os verdes:
receita para uma boa composição de verão.

LUIZ PINTO - Encosta com árvore
Óleo sobre tela
Uma composição aparentemente simples, mas muito bem equilibrada. Uma 
faixa de verde mais quente atravessa o centro da composição. Em tons bem
escuros, a árvore foi deslocada para a direita, permitindo ao observador se
deixar guiar até o fundo.


OUTONO
Intercalando a estação quente do verão e geralmente fria do inverno, está o outono. É nesse período que as árvores perdem suas folhas e se preparam para as menores temperaturas que virão. E o que mais encanta nessa estação é exatamente isso, a transformação pela qual passam todos os vegetais.
Tenho uma atração muito grande por essa estação, pois ela permite o uso de uma paleta mais quente, com predominância de cores mais terrosas e bastante variadas. Os céus se tornam mais límpidos e os tons neutros parecem se realçar, pois estão sempre rodeados de alguma cor avermelhada ou próxima disso. Os galhos e troncos também ficam mais evidentes, criando uma variedade imensa de silhuetas e texturas.
É uma ótima oportunidade para você confirmar, pela observação, que a paisagem brasileira não é tão verde como se imagina. Exercícios ao ar livre são ideais para essa época, pela pouca incidência de chuvas que ocorre. É a estação ideal para você incrementar mais colorido em seus trabalhos.
Paleta de outono
Branco de titânio
Amarelo de cádmio claro
Amarelo ocre
Amarelo indiano
Terra de siena natural
Terra de siena quimada
Sombra queimada
Azul de cobalto
Azul ultramar
Vermelho de cádmio claro
Sombra natural
Terra de sombra queimado
Verde óxido de cromo
Verde veronese
Sépia

MAURO FERREIRA - Beira de rio com cabras
Óleo sobre tela - 30 x 40

JOSÉ ROSÁRIO - Paisagem com pequeno leiteiro
Óleo sobre tela - 60 x 90

CLÓVIS PÉSCIO - Paisagem com cargueiro
Óleo sobre tela - 50 x 70
Acima, três situações de paisagens brasileiras em pleno outono.
Observe o uso de verdes queimados e a colocação de vários
tons terrosos em todas as composições.

INVERNO
O Brasil tem pouquíssimas regiões onde a ocorrência de geadas e neve dão sinais de presença no inverno. Com exceção da região sul, o restante do país só observará geadas mais intensas em terras mais altas de cadeias montanhosas do sudeste. Portanto, o inverno traz muito mais a lembrança de dias com bastante cerração e de coloridos mais desbotados.
Prepare para usar nessa estação diversas misturas de tons neutros. É também uma ótima oportunidade para aprender a trabalhar com todas as variantes de azuis e cinzas.
Não é de se estranhar que às vezes, mesmo sob frio intenso, o céu se abra num azul vívido e ensolarado. É nessa hora que os cinzas, que no início da manhã se pareciam mais azulados, tornam-se então mais dourados e terrosos, abrindo uma possibilidade para um colorido mais diversificado nessa estação que aparentemente é mais sombria.
Paleta de inverno
Branco de titânio
Amarelo limão
Amarelo ocre
Azul ftalo
Azul ultramar
Azul de cobalto
Gris de payne
Carmim
Violeta permanente
Vermelho de veneza
Terra de siena natural
Sépia
ALEXANDRE REIDER - Animais em beira de rio
Óleo sobre tela 

JOSÉ ROSÁRIO - Começando o dia
Óleo sobre tela - 30 x 40

WILSON VICENTE - Manhã gelada
Óleo sobre tela
Nas três cenas acima, típicos ambientes de inverno brasileiro, onde a presença
de cerração e neblina dão o ar da estação.

PRIMAVERA
É essa uma outra grande estação que tenho preferência para pintar.
Após os longos dias frios de inverno e com as primeiras chuvas do início da primavera, todos os vegetais começam uma profusão enorme de brotos, tornando a paisagem com uma variedade enorme de novos tons e opções de coloridos.
Saia numa manhã ensolarada de primavera e veja como, juntamente com todos os galhos e ramos, ainda secos e avermelhados, também se misturam tons variados de verdes e amarelos dos novos brotos que começam a se desabrochar.
É uma estação mais confortável para todos que iniciam a pintura de paisagens. Os verdes são mais intensos e menos sutis que nas outras estações. Também são menos densos que no verão, quando todas as folhagens já estão amadurecidas. E ainda há a irresistível vontade de colorir um pouco mais as cenas, pela imensa variedade de flores que estão por todos os lados.
Paleta de primavera
Branco de titânio
Amarelo limão
Amarelo ocre
Terra de siena natural
Sombra natural
Terra verde
Azul de cobalto
Azul ftalo
Carmim
Rosa de garança
Verde esmeralda
Verde vessie
Verde viridian
Verde veronese
Vermelho de cádmio claro
Sépia
ANDERSON CONDE - Portal das flores
Óleo sobre tela

JOSÉ ROSÁRIO - Galopando
Óleo sobre tela - 60 x 90

JÉSUS RAMOS - Paisagem com carro de boi
Óleo sobre tela - 80 x 120
A primavera no Brasil é marcada principalmente pela floração dos
ipês. Nessa época, com as primeiras chuvas depois do inverno, a
vegetação se cobre de novos e viçosos brotos.
 
AGRADECIMENTOS A ESTE EXCELENTE MESTRE!
POR PERMITIR A DIVULGAÇÃO AQUI NO MEU BLOG!
LINK PARA O BLOG DE JOSÉ ROSÁRIO ABAIXO:


Nenhum comentário:

Postar um comentário