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Quando o assunto é sexo, um dos maiores tabus é a
prática anal. “A penetração pelo ânus parece, para algumas pessoas, algo
cruel e sujo. A grande maioria dos programas de educação sexual para
estudantes com menos de 18 anos de idade não faz qualquer menção a ele.
Sua reputação ficou pior ainda nas últimas décadas, devido ao surgimento
do HIV, que é facilmente transmitido pelo sexo anal desprotegido”,
enumera o urologista, sexólogo e terapeuta sexual Celso Marzano, autor
do livro “O Prazer Secreto” (Editora Eden).
Apesar disso, ele conta que “o sexo anal faz parte de 65% das fantasias masculinas e 30% das femininas”. Os mitos e o silêncio que se impõem em torno do tema fazem com que muitos fiquem curiosos, mas com medo de ir adiante e tentar.
Por isso, levantamos as dez principais dúvidas sobre sexo anal e conversamos com Marzano, com o andrologista Mariano Barcelos (do Centro de Sexualidade Humana do Hospital Mãe de Deus), com o proctologista Henrique Fillmann e com o psicólogo Diego Villas-Bôas, especialista em sexualidade humana pela Faculdade de Medicina da USP (ambos também do Hospital Mãe de Deus), que explicaram tudo sobre o assunto.
Sexo anal sempre causa dor?
Nem sempre. O importante é relaxar o ânus o máximo possível, para permitir a penetração sem traumas. A dor de que muitas pessoas reclamam é causada pela dilatação do ânus contra a resistência da musculatura esfincteriana. Isso porque o ânus não é tão elástico quanto a vagina e não produz uma lubrificação natural como ela. Além disso, suas mucosas são finas e sensíveis ao atrito que ocorrerá na penetração do pênis.
Para auxiliar, o ideal é usar um lubrificante à base d’água – vaselina e outros produtos à base de petróleo são vetados, pois facilitam o rompimento da camisinha. Hidratantes também não são indicados, porque serão absorvidos pela pele em poucos minutos e não farão mais efeito. Quanto aos anestésicos, mais um veto: eles podem diminuir a dor, mas diminuem o prazer e podem mascarar lesões, como pequenas ou grandes rupturas da mucosa do canal do reto ou da pele do ânus causadas na penetração.
Qual é a melhor posição para praticar sexo anal?
A melhor posição é aquela em que a pessoa se sinta relaxada e acomodada. Com a prática, algumas preferem ficar de lado, outras deitadas de barriga para baixo (muitas vezes, com um travesseiro debaixo da barriga) e outras, ainda, de quatro.
Para os iniciantes, a posição mais adequada e relaxante é a “em colher”. De lado, a mulher fica de costas para o parceiro, com as pernas encolhidas, favorecendo o relaxamento do períneo e das nádegas. Muito beijo, carinho e palavras doces associadas a uma leve masturbação favorecem a excitação crescente e o desvio da ansiedade pela novidade e o possível medo de dor.
Sempre é preciso usar camisinha no sexo anal?
Sempre, mesmo entre casais monogâmicos que descartem a possibilidade de infecção por doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Isso porque no intestino e no reto existem bactérias normais da flora intestinal que podem provocar diversas infecções. Entre parceiros ocasionais não-exclusivos ou no sexo casual, a camisinha é a maior aliada para evitar as DSTs.
É essencial que ela tenha certificação do Inmetro, que a embalagem não esteja violada, que o produto seja mantido em local seco e esteja dentro do prazo de validade. Como mencionado anteriormente, os lubrificantes para auxiliar na penetração devem ser à base d’água – vaselina e outros à base de petróleo facilitam o rompimento.
Quem faz sexo anal é mais propenso a ter hemorroidas?
Não. As causas da doença hemorroidária são essencialmente genéticas e constitucionais. O sexo anal pode, no máximo, piorar um quadro de doença hemorroidária já existente. Se for praticado em um período de inflamação, causará muita dor.
A mulher consegue chegar ao orgasmo pelo sexo anal?
Sim, sem dúvida. Se ela estiver confortável e excitada, terá prazer e poderá chegar a um orgasmo tão intenso quanto um obtido por penetração vaginal ou por masturbação. Ainda assim, a possibilidade de orgasmo é maior se for feita uma estimulação genital concomitante.
O casal pode fazer sexo anal e vaginal seguidos um do outro?
Pode, mas é preciso ter muito cuidado com a higiene. A camisinha deve ser trocada, independentemente da ordem escolhida (anal primeiro e depois vaginal ou o contrário). Não se deve, em hipótese alguma, introduzir o pênis na vagina logo após a penetração anal. Também é fundamental que, após o sexo anal, seja feita a limpeza do pênis e dos testículos para evitar infecções que possam ser causadas pelas bactérias da flora intestinal.
O tamanho do pênis é importante no sexo anal?
Sim. O relaxamento e a dilatação do ânus da parceira devem ser mais lentos, cuidadosos e demorados se o pênis for muito largo, para evitar a dor. Já em termos de comprimento, a atenção é com o pênis com mais de 18 cm, uma vez que o canal do reto tem profundidade média de 17 cm. Nesses casos, a fantasia de introduzir/possuir todo o pênis deve ser avaliada, pois pode haver trauma da mucosa do reto.
Quem pratica sexo anal tem mais risco de desenvolver câncer no reto?
Não. Isso é mito, não existe qualquer associação entre sexo anal e câncer de reto. O sexo anal pode predispor ao câncer de canal anal (não de reto) apenas através da transmissão do HPV.
O sexo anal pode causar algum prejuízo ao ânus, como dilatação do esfíncter?
Não necessariamente. O ânus possui dois esfíncteres musculares, que funcionam de forma independente. O externo é voluntário, ou seja, a pessoa tem controle sobre suas contrações, assim como controla a mão, por exemplo. Já o interno é controlado pela parte autônoma do sistema nervoso central, como os músculos do coração. Ele reflete e responde ao medo e à ansiedade durante o sexo anal. Assim, se a penetração anal for feita em estado de relaxamento e prazer, nenhum prejuízo será causado à região. Isso só acontecerá se a penetração ocorrer sem que o receptor esteja preparado ou esteja com os músculos dos esfíncteres contraídos.
A lavagem do reto é obrigatória antes do sexo anal?
Não. O reto permanece contaminado mesmo com uma lavagem exaustiva. A lavagem é praticada por algumas pessoas para sentirem conforto durante a relação e para não correrem o risco de soltar detritos fecais no pênis do parceiro. Mas evacuar antes e fazer a higiene local com água e sabonete já são atitudes suficientes como preparo para o sexo anal.
* Raquel Paulino, especial para o iG
Apesar disso, ele conta que “o sexo anal faz parte de 65% das fantasias masculinas e 30% das femininas”. Os mitos e o silêncio que se impõem em torno do tema fazem com que muitos fiquem curiosos, mas com medo de ir adiante e tentar.
Por isso, levantamos as dez principais dúvidas sobre sexo anal e conversamos com Marzano, com o andrologista Mariano Barcelos (do Centro de Sexualidade Humana do Hospital Mãe de Deus), com o proctologista Henrique Fillmann e com o psicólogo Diego Villas-Bôas, especialista em sexualidade humana pela Faculdade de Medicina da USP (ambos também do Hospital Mãe de Deus), que explicaram tudo sobre o assunto.
Sexo anal sempre causa dor?
Nem sempre. O importante é relaxar o ânus o máximo possível, para permitir a penetração sem traumas. A dor de que muitas pessoas reclamam é causada pela dilatação do ânus contra a resistência da musculatura esfincteriana. Isso porque o ânus não é tão elástico quanto a vagina e não produz uma lubrificação natural como ela. Além disso, suas mucosas são finas e sensíveis ao atrito que ocorrerá na penetração do pênis.
Para auxiliar, o ideal é usar um lubrificante à base d’água – vaselina e outros produtos à base de petróleo são vetados, pois facilitam o rompimento da camisinha. Hidratantes também não são indicados, porque serão absorvidos pela pele em poucos minutos e não farão mais efeito. Quanto aos anestésicos, mais um veto: eles podem diminuir a dor, mas diminuem o prazer e podem mascarar lesões, como pequenas ou grandes rupturas da mucosa do canal do reto ou da pele do ânus causadas na penetração.
Qual é a melhor posição para praticar sexo anal?
A melhor posição é aquela em que a pessoa se sinta relaxada e acomodada. Com a prática, algumas preferem ficar de lado, outras deitadas de barriga para baixo (muitas vezes, com um travesseiro debaixo da barriga) e outras, ainda, de quatro.
Para os iniciantes, a posição mais adequada e relaxante é a “em colher”. De lado, a mulher fica de costas para o parceiro, com as pernas encolhidas, favorecendo o relaxamento do períneo e das nádegas. Muito beijo, carinho e palavras doces associadas a uma leve masturbação favorecem a excitação crescente e o desvio da ansiedade pela novidade e o possível medo de dor.
Sempre é preciso usar camisinha no sexo anal?
Sempre, mesmo entre casais monogâmicos que descartem a possibilidade de infecção por doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Isso porque no intestino e no reto existem bactérias normais da flora intestinal que podem provocar diversas infecções. Entre parceiros ocasionais não-exclusivos ou no sexo casual, a camisinha é a maior aliada para evitar as DSTs.
É essencial que ela tenha certificação do Inmetro, que a embalagem não esteja violada, que o produto seja mantido em local seco e esteja dentro do prazo de validade. Como mencionado anteriormente, os lubrificantes para auxiliar na penetração devem ser à base d’água – vaselina e outros à base de petróleo facilitam o rompimento.
Quem faz sexo anal é mais propenso a ter hemorroidas?
Não. As causas da doença hemorroidária são essencialmente genéticas e constitucionais. O sexo anal pode, no máximo, piorar um quadro de doença hemorroidária já existente. Se for praticado em um período de inflamação, causará muita dor.
A mulher consegue chegar ao orgasmo pelo sexo anal?
Sim, sem dúvida. Se ela estiver confortável e excitada, terá prazer e poderá chegar a um orgasmo tão intenso quanto um obtido por penetração vaginal ou por masturbação. Ainda assim, a possibilidade de orgasmo é maior se for feita uma estimulação genital concomitante.
O casal pode fazer sexo anal e vaginal seguidos um do outro?
Pode, mas é preciso ter muito cuidado com a higiene. A camisinha deve ser trocada, independentemente da ordem escolhida (anal primeiro e depois vaginal ou o contrário). Não se deve, em hipótese alguma, introduzir o pênis na vagina logo após a penetração anal. Também é fundamental que, após o sexo anal, seja feita a limpeza do pênis e dos testículos para evitar infecções que possam ser causadas pelas bactérias da flora intestinal.
O tamanho do pênis é importante no sexo anal?
Sim. O relaxamento e a dilatação do ânus da parceira devem ser mais lentos, cuidadosos e demorados se o pênis for muito largo, para evitar a dor. Já em termos de comprimento, a atenção é com o pênis com mais de 18 cm, uma vez que o canal do reto tem profundidade média de 17 cm. Nesses casos, a fantasia de introduzir/possuir todo o pênis deve ser avaliada, pois pode haver trauma da mucosa do reto.
Quem pratica sexo anal tem mais risco de desenvolver câncer no reto?
Não. Isso é mito, não existe qualquer associação entre sexo anal e câncer de reto. O sexo anal pode predispor ao câncer de canal anal (não de reto) apenas através da transmissão do HPV.
O sexo anal pode causar algum prejuízo ao ânus, como dilatação do esfíncter?
Não necessariamente. O ânus possui dois esfíncteres musculares, que funcionam de forma independente. O externo é voluntário, ou seja, a pessoa tem controle sobre suas contrações, assim como controla a mão, por exemplo. Já o interno é controlado pela parte autônoma do sistema nervoso central, como os músculos do coração. Ele reflete e responde ao medo e à ansiedade durante o sexo anal. Assim, se a penetração anal for feita em estado de relaxamento e prazer, nenhum prejuízo será causado à região. Isso só acontecerá se a penetração ocorrer sem que o receptor esteja preparado ou esteja com os músculos dos esfíncteres contraídos.
A lavagem do reto é obrigatória antes do sexo anal?
Não. O reto permanece contaminado mesmo com uma lavagem exaustiva. A lavagem é praticada por algumas pessoas para sentirem conforto durante a relação e para não correrem o risco de soltar detritos fecais no pênis do parceiro. Mas evacuar antes e fazer a higiene local com água e sabonete já são atitudes suficientes como preparo para o sexo anal.
* Raquel Paulino, especial para o iG
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