segunda-feira, 13 de junho de 2016

FISIOTERAPIA GERAL INFORMAÇOES





terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Movimentos do Polegar

Nem tudo se aprende na escola . . .
Ao longo de nossa vida profissional, aprendemos diversas técnicas de tratamento e manobras semiológicas, sendo que muitas delas não são descritas em livros e nem em artigos científicos. Porém não se tratam de conhecimentos ocultos ou apócrifos, mas sim de alguns macetes nascidos da experiência prática de colegas e professores, e que podem ser bastante úteis em nosso dia a dia. Hoje vou compartilhar um destes macetes que aprendi na época em que fui estagiário de um grande Hospital Universitário do Rio de Janeiro.

. . . Certo dia ao acompanhar a visita dos médicos residentes a enfermaria de ortopedia, tive a oportunidade de ver a avaliação de um paciente internado devido a um acidente com vidro estilhaçado. Se não me falha a memória, parece que o sujeito, por alguma razão, decidiu desferir um soco contra uma janela de vidro, o que lhe causou lesões de vasos e nervos. O mais bizarro disso tudo é que este tipo de “acidente” é mais comum do que eu costumava imaginar na época. Já tive a chance de atender outros dois “acidentes” bem parecidos, o que me faz lembrar as palavras de minha falecida avozinha que repetia a mesma frase sempre que assistia a algo de insólito na TV: “- Deus botou limite na inteligência das pessoas, mas não na burrice.”
Mas chega de lembranças de família, voltemos ao assunto.
Lembro-me que o paciente estava internado recuperando-se da microcirurgia de reparação e estava com o braço completamente engessado, sendo que a imobilização se estendia da axila até a mão. A única parte do braço livre do gesso era o polegar, mais ou menos como a figura abaixo.O ortopedista que liderava a visita (que era um professor velhinho de cabelos brancos) se deteve por alguns momentos à beira do leito, e aproveitou aquele caso para ensinar um macete semiológico para avaliar, baseado apenas nos movimentos do polegar, a integridade dos 3 principais nervos do plexo braquial. Este macete já me foi útil algumas vezes, porém nunca o encontrei descrito em nenhum livro ou artigo científico. Decidi então fazer uma pesquisa mais minuciosa e compartilhar este conhecimento no blog.

MOVIMENTOS DO POLEGAR
Parte importante do sucesso evolutivo do ser humano deve-se ao fato do nosso polegar ser capaz de realizar oposição aos demais dedos da mão. Graças a esta característica, somos capazes de manusear objetos e criar ferramentas. Sendo assim, vamos aproveitar o tema e relembrar um pouco dos movimentos do polegar. Segundo o livro Provas de Função Muscular (Daniels & Worthingham), os movimentos do polegar são os ilustrados abaixo:



Porém, vamos nos concentrar apenas em três movimentos bem específicos:

[1] Abdução no plano da mão,
[2] Abdução de 90 graus em relação ao plano da mão, e
[3] Oposição.
Lesões nos 3 principais nervos do membro superior (Ulnar, Mediano e Radial) podem vir a causar a perda de movimentos específicos do polegar. E a avaliação destes movimentos pode dar pista deste comprometimento em um paciente onde não seja possível avaliar a sensibilidade nem a motricidade da mão e antebraço como no caso do sujeito que está todo engessado.

Lesão do Nervo Ulnar
O nervo ulnar inerva o músculo adutor do polegar. Um teste rápido utilizando apenas o movimento do polegar para avaliar um possível comprometimento do nervo ulnar seria pedir ao paciente para deixar o polegar alinhado aos outros dedos, como na figura abaixo
Neste caso, vale também observar se o paciente não faz o sinal ou teste de Froment (mais um daqueles testes ortopédicos obscuros que ninguém conhece). Neste teste, o paciente é solicitado a segurar uma folha de papel utilizando somente o movimento da articulação metacarpofalangena do polegar (exatamente como na figura acima), se para compensar a falta de força, o paciente dobrar a ponta do polegar (utilizando a articulação interfalangeana), caracteriza a fraqueza do adutor do polegar , o que pode ser indício de lesão do nervo ulnar.
Existe um video do youtube demonstrando este teste. O link foi gentilmente enviado por concurso e fisioterapia (MUCHAS GRACIAS!)



Lesão do Nervo Mediano
Pode causar paralisia do músculo oponente do polegar, o qual vai obviamente influenciar o movimento de oponência. Para a testagem clássica, solicita-se ao paciente que mantenha a mão sobre a mesa, com a palma da mão para cima e pede-se que o polegar aponte em direção ao teto, e testa-se a força muscular como na figura abaixo.
Porém no caso de um paciente engessado, pede-se apenas que ele faça a oponência, tanto quanto possível. Lesão do Nervo Radial
O Nervo radial inerva os músculos extensor curto e longo do polegar (os mesmos da tendinite de de Quervain) e pode ser testado pedindo ao paciente fazer abdução no plano dos dedos, ou simplesmente fazendo "joinha" com o polegar.

Estes testes não são 100% exatos. Mas podem ser utilizados para o acompanhamento da recuperação do paciente. Obviamente estes testes só devem ser utilizados em pacientes onde só seja possível avaliar os movimentos do polegar, pois a avaliação completa da sensibilidade e da motricidade é muito mais confiável do que estes testes.
Bom, espero que este tipo de informação seja útil.
Abraços e Feliz Ano Novo

No Youtube 6: Fisioterapia ajuda a prevenção da Osteoporose Feminina


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Desta vez, o destaque do nosso canal do Youtube vem com um video sobre uma reportagem da Fisioterapia na Osteoporose feminina. A osteoporose é uma Doença Osteometabólica, caracterizada por diminuição progressiva da massa óssea, com modificações na arquitetura trabecular, levando à diminuição da resistência óssea e a um maior risco de fraturas, em presença de traumas de baixa energia ou menor impacto.

O objetivo da fisioterapia não é tanto favorecer a aquisição de massa óssea, mas promover a melhora no equilíbrio, força muscular, coordenação e condicionamento físico, na amplitude de movimento, diminuição da dor, visando sempre prevenção de quedas e consequentemente risco de fraturas. O exercícios que podem ser realizados por indivíduos osteoporóticos são: caminhadas por 50 minutos cinco vezes na semana; atividades que envolvam equilíbrio e coordenação; exercícios que envolvam situação de peso; atividades que envolvam a extensão da coluna. Alguns exercícios devem ser evitados como, por exemplo: aeróbica de alto impacto, corrida e salto, uma vez que aumentam o risco de fraturas vertebrais por causa da fragilidade das vértebras; flexão da coluna, porque aumentam as forças de compressão na coluna, aumentam o risco de colapsos vertebrais; atividades que envolvam risco de quedas como: step, caminhada em terrenos irregulares, etc.; movimentos resistidos de fechamento e abertura de quadril, pois nesses movimentos aumenta-se a chance de fraturas proximais do fêmur.

Vamos ver esse video:



https://www.youtube.com/watch?v=_kAnAZyuuIg


E não esqueça de se inscrever no nosso canal do Youtube: http://www.youtube.com/facafisioterapia

Aplicativos de fisioterapia para celulares e tablets

Saudações Fisionautas !!!

De uns tempos para cá, graças aos pedidos da minha filha de 9 anos para baixar joguinhos no tablet, comecei a me interessar pelo fascinante mundo dos aplicativos de celular. Além dos jogos infantis, comecei a experimentar e usar alguns aplicativos de celular para fisioterapeutas.

A postagem de hoje é sobre os resultados de uma pequena pesquisa de campo sobre os aplicativos de celular para fisioterapia. Na verdade é mais resultado de um bate-papo informal do que propriamente uma pesquisa de campo. Conversei com alguns amigos e amigas a respeito do uso destes aplicativos de fisioterapia, e cheguei a três conclusões interessantes:
#1- Mulheres utilizam mais este tipo de tecnologia do que homens.
#2-A esmagadora maioria dos fisioterapeutas que conheço não utilizam aplicativos de celular de fisioterapia e não se mostra interessados por apps de fisioterapia (muito embora tenham whatsapp, facebook e o jogo do Pou instalados no celular).
#3- Da galera que tem apps de fisioterapia instalado sem seus celulares, a maior parte é composta por discípulos do Julius (o pai do Cris). Digo isso pois quase todo mundo só instala aplicativos se (e somente se) forem gratuitos.

Muita gente ainda não se deu conta que aplicativos de celulares podem ser úteis não apenas como forma de facilitar o nosso trabalho, mas também como fonte de estudos.

Pelo fato dos Smartphones e tablets caberem literalmente na palma da mão, eles se tornaram uma valiosa ferramenta para os fisioterapeutas que queiram investir em um diferencial na sua interação com os pacientes. 

Abaixo eu fiz um apanhado de alguns aplicativos para fisioterapeutas que utilizam o sistema Android. Essa lista é baseada nos apps que uso e nos apps utilizados pelas pessoas com quem conversei. Todos os aplicativos estão disponíveis no Google Play (existem versões de alguns destes programas para IOS).

FISIOTERAPIA & PESQUISA (Play Store / Itunes - gratuito) 
Este aplicativo faz o download de alguns números da revista Fisioterapia & Pesquisa. São artigos científicos em português (ajuda bastante, né?). Gostei muito deste aplicativo, pois depois de baixados, as revistas ficam armazenadas na memoria do celular e você não precisa de acesso à internet para lê-los. Ideal para ler no metrô ou quando estiver viajando de carona .
De fato, é um programa simples, eficaz e que cumpre o que promete. Infelizmente é o único do seu tipo em português, bem que outras revistas nacionais poderiam seguir esta iniciativa.

TESTES ORTOPEDICOS (playstore – gratuito)
Neste aplicativo, você tem a descrição de alguns dos principais testes ortopédicos de ombro, cotovelo, punho e mão, coluna cervical, coluna lombar, quadril, joelho e tornozelo. 
Bem legal para aprender ou relembrar dos testes. Uma funcionalidade interessante é a possibilidade de assistir o “como se faz” de 9 testes via youtube (precisa de acesso a internet para assistir).

FISIOTAB  (Play Store)
Este aplicativo é pago (R$6,50), vale cada centavo pois é extremamente útil. Posso falar em primeira pessoa, pois os desenvolvedores deste programa gentilmente me cederam uma versão para avaliação. Trata-se de um programa desenvolvido para quem atende pacientes em domicílio. Com ele você tem como registrar a agenda de compromissos, os pagamentos a receber, e o mais importante: dados clínicos dos pacientes, com direito a arquivo fotográfico frontal, lateral e posterior e mapa dos dermátomos. 

ABG BASICS (Play Store)
Este aplicativo, em inglês, permite a interpretação do resultado de gasometria arterial e venosa (uma triste limitação é que ele só analisa com base no pH, PCO2 e HCO3-), uma vantagem é que ele tem um pequeno quiz sobre interpretação de gasometrias. Legalzinho para um app gratuito.

ABG CALCULATOR (play Store)
Outro programa sobre avaliação de gasometria arterial. O layout é bem simples e intuitivo, mas também está em inglês. 
Este programa lhe permite informar o pH, PCO2, Na, Bicarbonato, Cl -, HCO3 e retorna informando qual ou quais os distúrbios eletrolíticos mais prováveis de estarem acontecendo.    


FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA  (Play Store, ITunes)
Este é outro aplicativo que eu uso e que vale cada centavo investido (merreca, apenas R$2,50 Dilmas) e é basicamente uma calculadora para a galera que trabalha com fisioterapia respiratória. Este programa te ajuda a calcular diversos parâmetros tais como Constante de Tempo, Volume Minuto Ideal, Resistência de Vias Aéreas, Complascência Estática e Dinâmica, PAO2 Idade, entre outros.
Ideal para quem atua em terapia intensiva
KINESIOLOGY TAPE (Play Store)
Outro app gratuito na mesma linha do TESTES ORTOPÉDICOS. Com este aplicativo vc tem algumas informações básicas sobre o Kinesiology tape (genérico do kinesio tape), porém com este aplicativo você acessa uma relação de vídeos do youtube que demonstram a técnica de aplicação desta bandagem. Na versão gratuita você só tem a relação de vídeos sobre regras gerais de aplicação e uma coletânea de vídeos demonstrando a aplicação em tornozelo e pé. 

PHYSIO EXERCISES (Play Store ITunes)
Este aplicativo também é gratuito. Com ele você consegue baixar uma seleção de exercícios terapêuticos para pacientes neurológicos. Este aplicativo conecta seu telefone com o site https://www.physiotherapyexercises.com/ (eu já fiz uma postagem sobre o site para ler, clique =>AQUI<=)
Com este aplicativo você tem acesso a 950 exercícios e 21 videos. Porém o mais interessante é a interface de busca pelo exercício. Você pode preencher até sete critérios: (1) O nível da lesão, ou se é AVE ou atraso motor, (2) Tipo de exercício - repiratório, fitness, equilíbrio, etc..., (3) Parte do corpo, (4)Equipamento - halteres, theraband, etc... (5) nível de dificuldade (6) faixa etária, e (7) se a ilustração mostra o exercício para o dimídio direito ou esquerdo.
O único inconveniente é que não existe versão em português.

ANATOMY NINJA LOWER LIMBS (Play Store e ITunes)

O que acontece quando o fruit ninja resolve ler um livro de anatomia? 
Anatomy Ninja acontece!!!!
Nada além de um passa tempo, daqueles bem chicletes. Como é gratuito, vale a pena baixar principalmente se você precisa estudar ou relembrar a anatomia dos membros inferiores.
Este app está em inglês e só tem desafios de membros inferiores e pelve. 

Muito bem galera, espero que esta postagem desperte em vocês a curiosidade de conhecer um pouco mais os apps de fisioterapia que existem por aí. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Modalidades de Alongamento Muscular

Olá Fisionautas! 
Como prometido, estou me esforçando para manter uma regularidade nas minhas postagens.
Espero que esta seja útil.

O ALONGAMENTO MUSCULAR
O alongamento muscular é uma conduta rotineira nos consultórios de fisioterapia no Brasil e no mundo. Geralmente utilizamos os alongamentos musculares com o objetivo de tratamento de dores e espasmos musculares, para corrigir (ou ao menos minimizar) alterações posturais, também para prevenir deformidades em pacientes neurológicos e, obviamente, tratar encurtamentos musculares. Porém, apesar de ser uma técnica amplamente usada, será que podemos dizer que realmente conhecemos a bagagem teórica envolvida nessa conduta?
“O alongamento muscular pode ser definido como uma manobra terapêutica utilizada para aumentar o comprimento de estruturas de tecidos moles encurtados e assim aumentar a amplitude de movimento.”
(Kisner, Colby,1998)
A postagem de hoje é bem didática e tem o objetivo apenas de descrever as modalidades de alongamento. A relação de artigos e livros pesquisados encontra-se no final do texto. No entanto, a minha referência principal é o artigo CURRENT CONCEPTS IN MUSCLE STRETCHING FOR EXERCISE AND REHABILITATION, de Phil Page, publicado em 2012 no periódico The International Journal of Sports Physical Therapy.
Você sabia que a literatura científica descreve 3 modalidades principais de alongamento muscular? 

São eles os alongamentos estático, dinâmico e alongamento de pré-contração, os quais ainda são subdivididos de acordo com a técnica utilizada. (Figura abaixo).

 ALONGAMENTO ESTÁTICO

O alongamento estático é a modalidade de alongamento mais comum, sendo subdividido em 2 técnicas diferentes: O alongamento estático ativo e o alongamento estático passivo.


Alongamento estático passivo

O alongamento estático passivo é, na minha opinião, o método de alongamento mais utilizado nos consultórios de fisioterapia. Esse método consiste na movimentação lenta do segmento alongado até o limite do arco de movimento, e sendo mantido por determinado tempo. Para manter o alongamento pode ser utilizado um equipamento, a assistência de outra pessoa ou mesmo uma outra parte do próprio corpo da pessoa que está realizando o alongamento.

Alguns autores consideram este tipo de alongamento um dos mais seguros. As vantagens desta técnica incluem: execução simples, pouco gasto de energia, possibilita tempo suficiente para reajustar a sensibilidade do reflexo do alongamento.


Alongamento estático ativo
A diferença do alongamento estático passivo para o alongamento ativo é que neste último, o músculo alvo é alongado até o limite do arco de movimento apenas com a força dos músculos agonistas do movimento.
Por exemplo: Já viu aqueles caras de filmes fuleiros de Kung-Fu (a título de curiosidade: quanto mais fuleiro, melhor o filme de kung-Fu), que depois de dar um chute no bandido, ficam com a perna esticada no ar? Pois é, esses caras tem um domínio tão grande do corpo que conseguem manter essa posição apenas com a força dos músculos agonistas. A contração dos músculos agonistas promove um relaxamento reflexo dos antagonistas por meio da inibição recíproca. 
Outra curiosidade: Muitos dos movimentos ou posturas de Yoga são alongamentos estáticos ativos. 

Olha o Po fazendo um alongamento estático ativo de isquiotibiais

ALONGAMENTO DINÂMICO

O alongamento dinâmico também pode ser subdividido em 2 técnicas: O alongamento ativo e o alongamento balístico.

Alongamento ativo
O alongamento ativo envolve mover partes do seu corpo ao longo do arco de movimento e gradualmente aumentar o alcance, a velocidade do movimento ou ambos. Embora possam parecer idênticos, o alongamento ativo não é a mesma coisa de alongamento balístico !
O alongamento ativo consiste em movimentos controlados de braços e pernas que alcançam o limite do arco de movimento. Ao contrário do alongamento balístico, não são realizados movimentos abruptos. Um exemplo de alongamento ativo seria um balanceio controlado das pernas, braços ou rotações do tronco alcançando o limite do seu arco de movimento. 
Os alongamentos dinâmicos melhoram a flexibilidade dinâmica e são bastante utilizados como parte do aquecimento ou da rotina de treino aeróbico (como nas aulas de dança ou artes marciais)
Alongamento Balístico
O alongamento Balístico é aquele que utiliza o momento do balanço de um segmento do corpo como forma de forçá-lo além de sua amplitude de movimento normal. Esse método é realizado com movimentos rápidos (“em trancos”) e tem uma similaridade com movimentos de chutar, balançar e demais movimentos rápidos e ritmicos, porém realizados no extremo final do arco de movimento.
Existem duas desvantagens principais na aplicação desse tipo de alongamento. A primeira é que pelo fato do alongamento balístico produzir uma tensão rápida e intensa num período curto de tempo, ele não permite ao músculo se ajustar e relaxar na posição alongada. A outra desvantagem é que esse método pode desencadear o reflexo miotático em resposta ao aumento repentino e inesperado do comprimento muscular. O reflexo miotático gera uma contração muscular reflexa, a qual pode causar um aumento de tensão forte suficiente para lesionar o músculo.

“O alongamento balístico envolve movimentos pendulares, saltos, movimentos insistidos e movimentos rítmicos. No alongamento balístico, o momento é a força propulsora que move o corpo ou um membro para o aumento enérgico da Amplitude de Movimento. Essa técnica é o método de alongamento mais controverso, porque pode causar irritabilidade e lesão.”
ALTER, Michael J. Alongamento para os esportes. 2. Ed. São Paulo: Editora Manole, 1999.


Comentários sobre o alongamento balístico
Apesar de muitas das fontes que consultei para escrever esta postagem considerarem este tipo de alongamento pouco útil e com alto risco de causar lesões musculares, é possível encontrar diversos trabalhos, alguns bem recentes, que estudam os efeitos do alongamento balístico. Sinal que em algumas situações ele pode ser uma alternativa interessante para o alongamento muscular.

ALONGAMENTO DE PRÉ-CONTRAÇÃO

O alongamento pré-contração (confesso a vocês que desconhecia completamente esta nomenclatura) envolve a contração do músculo que está sendo alongado ou de seu antagonista imediatamente antes do alongamento. A modalidade mais comum de alongamento de pré-contração é o alongamento de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP). Outras modalidades de alongamento pré-contração incluem o relaxamento pós-isométrico, e o alongamento pós-facilitação.

Alongamento de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF)
A técnica mais comum de alongamento de pré-contração é o alongamento de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF). Para ser bem cri-cri com as definições e conceitos, o alongamento PNF não pode ser considerada um alongamento propriamente dito, mais sim um conjunto de técnicas. Os alongamentos com PNF utilizam a inibição recíproca como forma de estimular o relaxamento muscular reflexo por meio da ativação do órgão tendinoso de Golgi.
A literatura que consultei descreve 3 tipos diferentes de alongamento PNF:

[1] “contrair-relaxar”, o qual utiliza isotônicas resistidas do músculo (ou do padrão de PNF) que se pretende alongar, seguido de relaxamento muscular e alongamento estático.
[2] “Manter-Relaxar”, utiliza contração isométrica do músculo (ou do padrão de PNF) que se pretende alongar, seguido de relaxamento muscular.
[3] “Contrair-relaxar contrair agonista” (CRCA), eu creio que esta técnica seja conhecida também como reversão dinâmica. A primeira parte do CRCA é igual a técnica contrair-relaxar, porém logo após o alongamento estático passivo, é solicitado ao paciente a contração isométrica dos músculos antagonistas

Comentários
Alguns estudos evidenciaram que por meio do alongamento PNF foi observado aumento da ADM de bailarinas. Esses resultados sugerem que mesmo para indivíduos com níveis de ADM excelentes, pode se conseguir aumento dessa amplitude através da PNF.
Relaxamento Pós Isométrico

Outra modalidade de alongamento de pré-contração inclui o chamado “Relaxamento Pós Isométrico”, também conhecida como técnica de energia muscular com relaxamento pós-isométrico (TEM/RPI). Trata-se de um método de terapia manual classificada entre as técnicas estruturais ativas, em que o indivíduo participa aplicando sua força muscular e dosificando a técnica. Esta técnica utiliza uma quantidade muito menor de contração muscular (cerca de 25%). O Relaxamento Pós Isométrico é uma técnica desenvolvida pelo Dr. Vladimir Janda e refere-se ao relaxamento muscular após a realização da contração isométrica do agonista. Assim como o alongamento por PNF, o relaxamento pós isométrico gera uma resposta neurológica que envolve os órgãos tendinosos de golgi, em que a contração isométrica excita o órgão tendinoso de golgi, através da fibra aferente Ib, estimulando o interneurônio, este por sua vez, libera o mediador inibitório, que, através do neurônio motor, cessa a descarga na placa motora, promovendo o relaxamento muscular.

REFERÊNCIAS:
ASPECTOS CLÍNICOS DO ALONGAMENTO: UMA REVISÃODE LITERATURA (Rev. bras. fisioter. VoI. 8, No1 (2004), 1·6
RESULTADOS DA TÉCNICA DE ENERGIA MUSCULAR NAEXTENSIBILIDADE E NA FLEXIBILIDADE: REVISÃO DELITERATURA  (TCC   Especialização em Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Desportiva)

sábado, 21 de junho de 2014

Esclerose Lateral Amiotrófica - Estágios e Fisioterapia

A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) foi descrita em 1869 pelo médico francês Jean-Martin Charcot, e atualmente é considerada uma das principais doenças neurodegenerativas, ao lado das doenças de Parkinson e de Alzheimer.

A ELA afeta tanto os neurônios motores inferiores quanto superiores. No caso dos neurônios motores inferiores, seu acometimento ocorre na medula espinhal. O acometimento dos neurônios motores superiores ocorre em todos os andares do SNC: medula, tronco cerebral e córtex motor. Esta degeneração resulta em uma variedade de sinais e sintomas (Tabela abaixo).


ESTÁGIOS DA ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
É importantíssimo que fisioterapeutas que atendem pacientes com doenças neuro-degenerativas conheçam a história natural da patologia. Mesmo que se trate de uma doença incurável, prever as complicações e ser capaz de elaborar um plano de tratamento levando em consideração a evolução da doença traz um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes.  
Sinaki e Mulder, em 1978, foram os primeiros autores a descrever o curso natural da ELA como composto de 6 etapas. Estes estágios são baseados na perda progressiva da função muscular do tronco e extremidades e são apresentados a seguir:


ESTÁGIO I

Características:
Independência funcional preservada, fraqueza muscular com mudanças na resistência. Apoio psicológico e continuidade das atividades físicas normais é recomendada.
Comentários:
Nas primeiras fases da doença o paciente é independente em termos de mobilidade e Atividades de Vida Diária (AVDs). Um grupo específico de músculos apresenta-se discretamente fraco, o que pode se manifestar como uma limitações no desempenho das atividades ou na resistência, ou em ambos.
A terapia consiste na orientação de paciente e cuidador, com relação a conservação de energia, a modificação da casa e local de trabalho e apoio psicológico. O paciente é aconselhado a continuar as atividades físicas normais. Nesta fase podem ser prescritos exercícios ativos de amplitude de movimento e alongamento, exercícios de fortalecimento dos músculos não afetados com carga baixa a moderada e atividades aeróbicas (por exemplo, natação, caminhada, ciclismo) em níveis submáximos.

ESTÁGIO II

Características:
Envolvimento da musculatura distal, sendo indicado em alguns casos o uso de órteses. São mantidas as mesmas condutas do estágio I, porém acrescentando o condicionamento cardiopulmonar e neuromuscular e treinamento físico-funcional.
Comentários:
O paciente tem fraqueza moderada em alguns grupos musculares. O principal objetivo da intervenção é avaliar a necessidade de equipamentos e dispositivos para auxiliar os músculos fracos. O paciente deve ser encorajado a manter os exercícios de alongamento, de amplitude de movimento, fortalecimento dos músculos não afetados e atividades aeróbicas. Além disso, o paciente e os cuidadores são orientados na realização de exercícios assistidos de amplitude de movimento para evitar contraturas.
Ao projetar um programa de exercícios de fortalecimento para um paciente nos estágios I e II, o terapeuta deve buscar o equilíbrio nas atividades, tomando cuidado para não causar fadiga por uso excessivo e nem deixar que a atrofia por desuso se instale. Em outras palavras: não é 8 e nem 80! Evidências, em pacientes com outras doenças neuromusculares, indicam que exercícios de resistência com muitas repetições ou com carga excessiva podem causar perda permanente da força em um músculo afetado. Por outro lado, a redução acentuada no nível de atividade secundária a ELA, pode levar ao descondicionamento cardiovascular e fraqueza por desuso (como eu disse: nem 8 e nem 80).
Apesar de ganhos funcionais como resultado de exercício ainda não terem sido formalmente determinados, alguns resultados sugerem que programas de exercícios pode ser fisiologicamente e psicologicamente benéfico para pacientes com ELA. Por isso, existem autores que defendem a inclusão de exercícios de fortalecimento e resistência muscular, quando tolerados, particularmente nos primeiros estágios da doença. Os doentes são aconselhados a não realizar nenhuma atividade até o ponto de fadiga extrema (ou seja, incapacidade de realizar atividades diárias após o exercício devido à exaustão, dor, fasciculações ou cãibras musculares)


ESTÁGIO III

Características:
Limitações funcionais moderadas e maior suscetibilidade à fadiga. Os pacientes necessitam de cadeiras de rodas e podem usar órteses para os braços.
Comentários:
O paciente ainda é capaz de deambular, no entanto fraqueza em determinados grupos musculares pode resultar em queda do pé (fraqueza dos tibiais) ou uma mão marcadamente fraca. O paciente pode não ser capaz de levantar-se de uma cadeira sem ajuda. No geral, o paciente pode apresentar limitação funcional leve a moderada Nesta fase, como em todas as outras fases, o objetivo é manter o paciente fisicamente independente. Órteses podem ser necessárias para diminuir o gasto de energia e melhorar a segurança e mobilidade do paciente. Os pacientes podem começar a relatar peso e fadiga ao manter a cabeça erguida por longos períodos. Neste caso, os pacientes podem se beneficiar de um colar cervical macio. Para evitar a exaustão, uma cadeira de rodas pode ser necessária quando viajar longas distâncias.


ESTÁGIO IV

Características:
Este é o início de uma fase mais grave, com alterações nos membros inferiores. Continuação dos exercícios do estágio 2, com o acréscimo de exercícios que visam prevenir a contratura muscular e orientação sobre o posicionamento quando deitado.
Comentários:
O paciente neste estágio tem fraqueza grave das pernas e envolvimento dos braços. Assim, o paciente utiliza uma cadeira de rodas e pode ser capaz de realizar as AVDs. Mantém-se a orientação de exercícios passivos e assistidos para evitar contraturas. Exercícios de fortalecimento e ativo-livres de todos os músculos não-envolvido devem ser continuados. Dado que a mobilidade geral diminui, a necessidade de instrução para inspecionar a pele para áreas de pressão aumenta, sendo recomendado cuidados especiais para se evitar o desenvolvimento de úlceras de pressão.


ESTÁGIO V

Características:
dependência funcional demandando exercícios de alongamento e terapia manual para reduzir as dores musculares e articulares, espasticidade e fasciculação muscular. A estimulação elétrica e hidroterapia auxiliam com a instabilidade, assim como o uso de órteses.
Comentários:
Esta fase é caracterizada por fraqueza progressiva e deterioração da mobilidade e resistência. Os músculos do braço podem apresentar fraqueza moderada ou grave. O paciente torna-se incapaz de se mover-se na cama; Assim, a troca de decúbito freqüente e os cuidados com a pele tornam-se fundamentais. A dor pode se tornar um grande problema, podendo ser causada pela hipomobilidade, contraturas, espasticidade, ou mesmo instabilidade articular. Os pacientes podem ser incapazes de manter a cabeça erguida por períodos prolongados. Assim, um colar semi-rígido é apropriado nesta fase da doença.


ESTÁGIO VI

Características:
Este é o estado máximo de dependência. Os pacientes são por vezes imóveis, com envolvimento do sistema respiratório. A Fisioterapia cardiopulmonar é de grande importância nesta fase, assim como as alterações na postura e um programa de atendimento domiciliar. As técnicas fisioterapêuticas de Estágios 1 e 2 deve ser continuadas
Comentários:
O paciente agora necessita de assistência máxima com as AVDs. Tornam-se cruciais os cuidados com úlceras de pressão e a prevenção da estase venosa nas pernas. A gestão da dor continua a ser importante. A incapacidade de sustentar a cabeça devido a fraqueza dos músculos extensores do pescoço podem se tornar um grande problema. Desconforto respiratório progressivo desenvolve-se nesta fase, sendo necessária a fisioterapia respiratória e o uso de aspiradores para eliminação de secreções pulmonares. As metas neste estágio são semelhantes aos de cuidados paliativos: para atender às necessidades do paciente e seus cuidadores. Exercícios de respiração profunda, técnicas de tosse assistida e técnicas de desobstrução das vias aéreas são recomendadas para tratar problemas respiratórios agudos ou crônicos.
Esta divisão em estágios pode ajudar os fisioterapeutas a identificar a fase clínica da doença, bem como facilitar a indicação correta de exercícios e orientação, a fim de retardar a complicações como a contratura muscular, dor e problemas respiratórios.
Piemonte e Ramirez  também sugeriram três etapas classificação para a dependência funcional (independente semi-independente e independente), juntamente com a especificação conduta fisioterapêutico para cada fase. Estes autores também recomendaram exercícios diários ministrados aos pacientes e cuidadores no ambulatório. As três fases foram descritos como se segue:

Fase Independente:
Capacidade motora está preservada, com paciente sendo capaz de deambular e realizar atividades diárias normais. Há uma ligeira redução da força muscular e da suscetibilidade à fadiga. Os principais objetivos são manter o funcionamento motor estável por tanto tempo quanto possível, para evitar retrações musculares e deformidades articulares, reeducação postural e orientações sobre o uso de órteses.

Fase semi-independente:
Os indivíduos apresentam dificuldade na realização de atividades diárias e o uso de cadeiras de rodas é necessário. Este é o início do envolvimento do sistema respiratório, com dispnéia durante o esforço moderado. Alongamento, fortalecimento muscular, exercícios de postura do tronco e exercícios respiratórios são recomendados. Estes procedimentos aumentam a flexibilidade, reduzem cãibras, fortalecer a musculatura e melhoram a postura.

Fase Dependente:
Os pacientes necessitam de cuidadores para auxiliá-los na realização de atividades do dia-a-dia devido à evolução dos sintomas. Preservação da mobilidade articular com ênfase na região pélvica e escapular, a preservação ou melhoria no controle sobre o tronco e pescoço, treinamento respiratório e alterações posturais são recomendados.

LEITURA RECOMENDADA
Piemonte MEP, editor. Manual de exercícios domiciliares para pacientes com esclerose lateral amiotrófica. São Paulo: Manole; 2001. p. 19-64.

Reabilitação física na Esclerose Lateral Amiotrófica  - disponível em: http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2009/RN%202009%201/189%20.pdf
Physiotherapeutic conduct in amyotrophic lateral sclerosis - disponível em: http://www.scielo.br/pdf/spmj/v124n6/11.pdf





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Exercícios para o manejo da fadiga relacionada ao câncer - Ligando evidência e prática

Olá Fisionautas, 
Hoje, dia 4 de fevereiro é o dia mundial de luta contra o câncer e em homenagem a esta luta deixo a tradução livre de mais um artigo da série LEAP (Linking Evidence and Practice- Ligando Evidência e Prática). Este trabalho foi publicado em 2011 na revista Physical Therapy e fala sobre a prática de exercícios físicos no combate a fadiga relacionada ao câncer. 
Quem quiser baixar o artigo original em inglês basta acessar este link >>>>AQUI<<<<. 

Se você gostou da abordagem LEAP, talvez queira ler a tradução de outros artigos da série:
Reabilitação Pulmonar Após exacerbação Aguda da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.- ligando evidência e prática

EXERCÍCIOS PARA O MANEJO DA FADIGA RELACIONADA AO CÂNCER
   A fadiga relacionada ao câncer (FRC) afeta entre 70% a 100% dos pacientes durante o curso da doença ou do seu tratamento e resulta em restrições nas atividades do dia a dia. [2-3]. Embora a causa da FRC ainda seja desconhecida [4-7], existem diretrizes o seu tratamento. De acordo com as recomendações do National Comprehensive Cancer Network (NCCN), a FRC é definida como um sintoma persistente, um senso subjetivo de cansaço físico, emocional e cognitivo ou exaustão relacionada ao câncer ou ao seu tratamento que não seja proporcional à atividade realizada recentemente a qual poderia interferir com a capacidade funcional usual do paciente.  A NCCN , recomenda que se deve inicialmente tratar quaisquer condições identificáveis e reversíveis que possam colaborar para o desenvolvimento de fadiga, tais como hipotireoidismo, depressão,  anemia ou insônia[8]. Se estes tratamentos não funcionarem, ou se nenhum fator potencialmente causador de fadiga tenha sido identificado, as diretrizes sugerem uma variedade de abordagens possíveis.
   Entre as abordagens não farmacológicas recomendadas pela NCCN está o aumento da atividade física. O combate ao sedentarismo e a prática de exercícios físicos regulares podem reduzir tanto os efeitos físicos quanto psicológicos do stress relacionado com tratamentos de câncer, podem também melhorar o humor e reduzir a ansiedade e o medo em pacientes [9]. Recentemente, o American College of Sports Medicine (ACSM) publicou diretrizes de exercícios para as pessoas que sobreviveram ao câncer. Estas diretrizes afirmam que o exercício é seguro e é capaz de melhorar o desempenho físico, a qualidade de vida e reduzir o sintoma de fadiga [9]
   Para determinar o efeito do exercício na fadiga relacionada ao câncer, os autores Cramp e Daniel realizaram uma revisão sistemática, que foi publicado no The Cochrane Database of Systematic Reviews em 2009 [10]. Esta revisão procurou determinar o efeito de exercícios em pacientes com vários tipos e estágios de câncer e com vários esquemas de tratamento, durante e também após o tratamento. A revisão incluiu estudos randomizados controlados com participantes de qualquer idade que tiveram qualquer tipo de câncer e qualquer tipo de tratamento. Para serem incluídos, os estudos deveriam investigar o efeito de qualquer tipo de exercício realizado em qualquer ambiente (hospital, ambulatório ou domiciliar) e a sua comparação com nenhum exercício, tratamento usual, ou tratamentos alternativos. Os estudos poderiam relatar desfechos em várias formas, incluindo ferramentas padronizadas para avaliação da fadiga, capacidade aeróbica, qualidade de vida, ansiedade e depressão.
Leve uma lição para casa
   A revisão por Cramp e Daniel [10] identificaram o efeito benefício de exercício na redução da FRC. Os benefícios foram vistos tanto em programas de exercícios supervisionados quanto não-supervisionados, realizados durante ou mesmo após o tratamento do câncer. Vários modos, intensidades, freqüências e durações de exercício parecem ser eficazes, no entanto, não há evidências suficientes para orientar a escolha de um programa de exercícios específicos.
Caso # 5 Exercício e fadiga relacionada ao câncer

Um programa de exercícios físicos pode ajudar esta paciente?
   A Sra. Hunter é uma professora de educação física aposentada de 65anos de idade, que buscou atendimento médico devido tosse crônica e perda de 15 quilos de peso ao longo de 1 ano.
A Tomografia Computadorizada de tórax revelou uma massa de 3,3 cm no lobo superior do pulmão esquerdo, e a biópsia confirmou um carcinoma de pulmão de células não pequenas. Ao longo de um período de 7 meses, a paciente foi submetida a uma lobectomia seguida por quimio e radioterapia. Um ano após a conclusão de seu tratamento de câncer, a Sra. Hunter queixou-se ao médico sobre dispnéia de esforço e fadiga. Sua taxa de fadiga de acordo com a escala visual analógica (EVA) foi de 60 de uma pontuação máxima de 100.

Como os médicos aplicam os resultados da revisão sistemática Cochrane ao caso da Sra. Hunter?
Foram realizados exames clínicos, porém não foi possível identificar alterações fisiológicas que explicassem a fadiga e a dispnéia da paciente. Desta forma, determinou-se que a dispneia de esforço era provavelmente causada por descondicionamento físico.
Foi elaborada uma pergunta utilizando o formato PICO (Paciente, Intervenção, Comparação e resultado (Outcome)) para guiar a busca de evidências na literatura: Em uma mulher de 65 anos de idade, com câncer de pulmão, tratada com lobectomia, quimioterapia e radioterapia, um programa de exercícios (em comparação com exercício nenhum) seria benéfico para reduzir a fadiga?
A equipe que acompanha a Sra Hunter determinou que o artigo de revisão sistemática de Cramp e Daniel [10] forneceu informações relevantes que lhes permitiu responder a pergunta elaborada.
 A maioria dos estudos na revisão sistemática incluiu apenas as pessoas com câncer de mama, e nenhum dos estudos incluiu apenas as pessoas com câncer de pulmão, no entanto vários dos estudos utilizados na revisão sistemática incluíram participantes com vários tipos de câncer. Os resultados dos participantes que receberam exercício foram mais freqüentemente comparados a não intervenção ou "cuidados habituais".

Com base na avaliação da revisão sistemática a equipe recomendou um programa de exercícios. Ela concordou com a recomendação e iniciou um programa Individualizado de exercícios supervisionados em sessões de 60 minutos, duas vezes por semana, durante 10 semanas. Cada sessão incluiu um período de aquecimento de 5-10 minutos em bicicleta estacionária ou esteira ergométrica com uma intensidade de 10 a 12 na Avaliação de Borg, mantendo uma saturação de oxigênio superior a 90%. O aquecimento foi seguido de um circuito de musculação direcionado aos principais músculos dos membros superiores e inferiores. Exercícios foram iniciados com uma série de 8 a 15 repetições e progrediram até um máximo de 3 séries de 15 repetições, sempre com base na tolerância da Sra. Hunter ao exercício. As sessões eram encerradas com exercícios de alongamento de todos os grandes grupos musculares. O peso total levantado em todos os grupos musculares durante todo o programa foi registrado.
Os resultados da intervenção coincidem com os sugeridos pela revisão sistemática?
A Sra. Hunter completou 19 de 20 sessões de exercícios. Sua fadiga foi reduzida no final do programa a uma pontuação de 22 em 100 na EVA. A magnitude da redução da Sra. Hunter em fadiga (38 pontos), pode ser considerada clinicamente importante. Além disso, ela não relatou efeitos adversos relacionados ao programa de exercícios.
Olha aí a Sra Hunter alegre e faceira liberando serotonina 
em sua caminhada matinal na esteira 
Você pode aplicar os resultados da revisão sistemática para seus pacientes?
Os resultados desta revisão aplicam-se a pacientes adultos com diversos tipos de câncer que recebem intervenção de exercício durante ou após tratamentos de câncer. Os resultados se aplicam tanto a pacientes em programas de exercícios supervisionados quanto domiciliares.
O que pode ser aconselhado a partir dos resultados desta revisão sistemática?
Os pacientes que se encaixam na descrição acima são susceptíveis de beneficiar de um programa de exercícios que é de aproximadamente 12 semanas. Da mesma forma que o programa de exercícios da Sra. Hunter, as recentes orientações do ACSM sugerem que prescrições de exercício devem ser individualizadas, considerando as precauções associadas ao tipo específico de câncer, o nível de condicionamento físico, comorbidades e resposta ao tratamento. Embora a Sra Hunter tenha aderido a um programa de exercícios após o término do tratamento de câncer, a revisão sistemática demostra que os pacientes que completaram programas de exercícios durante ou após seus tratamentos de câncer experimentaram redução da fadiga e melhora da qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
1       The Cochrane Library. Available at: http://www.thecochranelibrary.com/view/0/index.html. Accessed February 7, 2011.  
2       Mock V. Fatigue management: evidence and guidelines for practice.  Cancer. 2001;92(6 suppl):1699–1707.
3     Curt GA, Breitbart W, Cella D, et al. Impact of cancer-related fatigue on the lives of patients: new findings from the Fatigue Coalition. Oncologist. 2000;5:353–360.
4    Flechtner H, Bottomley A. Fatigue assessment in cancer clinical trials. Expert Rev Pharmacoecon Outcomes Res. 2002;2:67–76.
5    Lucia A, Earnest C, Pérez M. Cancer-related fatigue: can exercise physiology assist oncologists?  Lancet Oncol. 2003;4:616–625.
6     Wagner LI, Cella D. Fatigue and cancer: causes, prevalence and treatment approaches. Br J Cancer. 2004;91:822–828.
7     Mustian KM, Morrow GR, Carroll JK, et al. Integrative nonpharmacologic behavioral interventions for the management of cancer-related fatigue.  Oncologist. 2007;12(suppl 1):52–67.
8 Clinical Practice Guidelines in Oncology. Cancer-related fatigue (v.1.2010).2010. http://www.nccn.org/professionals/physician_gls/PDF/fatigue.pdf. Accessed August 10, 2010.
9   Schmitz KH, Courneya KS, Matthews C, et al; American College of Sports Medicine. American College of Sports Medicine roundtable on exercise guidelines for cancer survivors. Med Sci Sports Exerc. 2010;42:1409–1426.
10    Cramp F, Daniel J. Exercise for the management of cancer-related fatigue in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2009;(3):CD006145.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Fisioterapia pós fratura de Colles

A fratura de Colles recebeu este nome por causa de um cirurgião irlandês chamado Abraham Colles, que em 1814 descreveu as características deste tipo de lesão. A fratura de Colles é uma fratura extra articular do rádio distal, caracterizada por uma deformidade do antebraço denominada "dorso de garfo". Essa deformidade acontece porque os músculos do antebraço “puxam” o osso fraturado, acentuando a angulação da fratura e dando um aspecto de “corcunda” ou “calombo” no antebraço [ IMAGEM ABAIXO ]. Em alguns casos pode estar associada a entorse do ligamento ulnar.

O mecanismo de lesão mais comum é a queda sobre a mão estendida. As pessoas extendem a mão como parte da reação de proteção contra a queda. É mais comum em adultos acima de 50 anos, em particular mulheres brancas devido a associação com a osteoporose pós-menopausa. Com relação ao mecanismo de lesão, achei um video bem interesante na internet. Trata-se de um acidente de um garoto andando de skate. Neste video podemos ver a lesão e o aspecto em dorso de garfo assumido pelo antebraço fraturado.

– ATENÇÃO ! O VIDEO É HEAVY METAL – contém cenas chocantes e não é recomendado a pessoas sensíveis, com problemas cardíacos, de estômago fraco ou com disfunção da hipófise         \m/  >Ô ô<  \m/


O tratamento médico inicial da fratura de Colles pode variar desde a redução fechada até redução cirúrgica com fixador externo. Qualquer que seja a intervenção, esta sempre será seguida de imobilização do antebraço para a consolidação óssea.

Fratura reduzida – Agora começam os cuidados de fisioterapia.
A imobilização prolongada pode gerar rigidez articular, encurtamento tendíneo e edema. Portanto logo após a estabilização do foco de fratura, seja por redução fechada ou aberta, pode-se iniciar precocemenrte exercícios passivos e ativos de amplitude de movimento de todas as articulações não envolvidas (dedos, ombro e cotovelo - quando possível). Os objetivos principais de um programa de exercícios precoces são basicamente:  [1] manutenção da força muscular, [2] recuperação de amplitude de movimento, e [3] prevenção de restrição articular.
Condutas no pós operatório:
Nos casos tratatdos cirurgicamente, PO imediato, a atenção deve estar focada na educação do paciente quanto a importância de manter o braço operado em elevação. Isso irá reduzir o edema, prevenir a dor e ajudará na cicatrização. Essa orientação é simples e ajuda muito!
Além da elevação da mão acima da altura do coração, no primeiro dia de pós-operatório, podem ser iniciados precocemente atividades de flexão/extensão dos dedos da mão  para estimular a ação de bombeamento dos músculos da mão e assim ajudar a prevenir ou diminuir o edema. Ah! Importante: Como se trata de uma cirurgia, verifique antes no prontuário se o procedimento envolveu somente a fixação óssea. No caso de cirurgia envolvendo vasos e nervos, espere a liberação do cirurgião para começar quaisquer exercícios.
Pode parecer bobagem mandar uma pessoa com fratura de punho ficar mexendo os dedinhos, mas lembre-se que vários músculos flexores e extensores dos dedos da mão são poliarticulares, isto é: originam-se no antebraço, cruzam o punho e se inserem nos quirodáctilos. Assim, ao mexer os dedinhos você garante estímulos tróficos aos músculos, evita aderências, hipotrofia muscular e possíveis perdas de comprimento muscular.
Atenção especial deve ser dispensada a pacientes cujo foco de fratura foi estabilizado utilizando um fixador externo pelo fato do antebraço ser mantido em pronação, o que predispõe o paciente a contratura da articulação radioulnar distal.
É importante ressaltar que estes exercícios não devem causar dor, talvez no máximo um leve desconforto, o qual deve desaparecer tão logo a atividade seja interrompida. O tratamento agressivo pode lentificar o processo de cicatrização. Lembre-se: nem sempre o que arde cura e o que aperta segura.


Condutas pós retirada da imobilização.
Geralmente a consolidação da fratura leva de 6 a 10 semanas, podendo variar de acordo com a idade do paciente e gravidade da fratura. Além disso, este período de tempo pode ser aumentado por complicações incluindo lesão da articulação radioulnar e/ou radiocarpal.
De modo geral, quando um(a) paciente com fratura de Colles chega ao ambulatório de fisioterapia esperamos encontrar: Redução da ADM, perda de força muscular, dor, edema, e consequentemente prejuízos nas Atividades de Vida Diária
O foco principal no início do tratamento deve se concentrar na recuperação da ADM, afinal de contas não tem como ganhar força ou treinar coordenação sem que o paciente tenha amplitude de Movimento não é mesmo¿
A perda da estabilidade destas articulações devido a fratura ou perda de suporte ligamentar pode complicar o manuseio e o regime de tratamento destas fraturas.

Mas considerando o melhor cenário, isto é: uma fratura que consolidou sem complicações. Certamente iremos encontrar fraqueza muscular e limitações nos movimentos do punho.
Então, mais uma vez o basicão da fisioterapia após a retirada da imobilização consiste em cinesioterapia visando o ganho de ADM e ganho de força para os movimentos de punho (flexo-extensão, prono-supinação e desvios radial e ulnar).

Como dito anteriormente, um dos principais objetivos da fisioterapia é a recuperação da ADM do punho. O tratamento inicia-se com exercícios passivos, evoluindo para ativo-assistidos, ativo-livres e finalmente resistidos. ADM reduzida e dor geralmente andam juntas e o ganho de ADM utilizando alongamento e mobilizações geralmente reflete também em uma redução da dor e do edema em punho e mão.
Para o fortalecimento muscular é importante trabalhar todos os músculos do antebraço, sem esquecer pos pequenos músculos intrínsecos e extrínsecos da mão.
Não encontrei nenhuma diretriz ou estudo que descreva a superioridade de uma abordagem de fisioterapia sobre outra. Assim, podemos lançar mão das  técnicas que julgarmos mais adequadas a cada caso, desde técnicas de mobilização articular (Maitland, Mulligan, Kaltenborn, etc...), técnicas de bandagem, eletroterapia (o quase onipresente ultrasom terapêutico, TENS, FES), PNF, Osteopatia, Quiropraxia, ou seja: utilize as técnicas e recursos que você domina.

Espero que esta postagem tenha sido útil.
 
fonte:
http://fisioterapiahumberto.blogspot.com.br/search/label/exerc%C3%ADcios%20terap%C3%AAuticos
 
http://fisioterapiahumberto.blogspot.com.br/search/label/Fa%C3%A7a%20voc%C3%AA%20mesmo


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