Grupo de hackers Anonymous invade site do governo americano
A conta do Anonymous no Twitter confirma que a queda dos sites é obra do grupo
A conta do Anonymous no microblog Twitter confirma que a queda dos sites é obra do grupo, numa ação batizada como "Operação Represália". O grupo também derrubou as páginas da Associação Americana da Indústria de Gravação e da associação de chefes de Polícia do estado de Utah, além do site de registro de copyrights.
Os ataques contestam uma ação do FBI (polícia federal americana), que nesta quinta-feira anunciou o fechamento da página de downloads Megaupload após uma investigação de dois anos que culminou na prisão de quatro pessoas na Nova Zelândia por um suposto crime de pirataria cibernética.
Com palavras sarcásticas, os hackers ameaçaram invadir também o site do FBI: dizem aos internautas que "preparem as pipocas" para o restante de noite. Este é, segundo eles, "o maior ataque já cometido pelo Anonymous", que conta com pelo menos 5.635 pessoas.
As autoridades acusam o site de fazer parte de "uma organização criminosa responsável por uma enorme rede de pirataria na informática mundial" que causou mais de US$ 500 milhões em danos aos donos de direitos autorais.
O FBI afirmou que a operação encerrada nesta quinta não tem conexão com o projeto de lei antipirataria promovido pelo Congresso dos Estados Unidos e que provocou o "blecaute" ontem de várias páginas em sinal de protesto.
FBI fecha Megaupload e prende responsáveis pelo site
Site de compartilhamento de arquivos é acusado de facilitar pirataria online de filmes e outros conteúdos
O MegaUpload, site baseado em Hong Kong, é um dos mais populares sites para compartilhamento de arquivos. Os usuários podem fazer upload de documentos e de arquivos maiores, como vídeos, e permitir que outros internautas baixem o conteúdo de qualquer dispositivo conectado a internet. Muitos internautas à procura de filmes e músicas pirateadas baixam arquivos a partir do site e de outros similares.
De acordo com o FBI, quatro dos sete acusados já estão presos, enquanto aguardam a decisão da Justiça sobre os crimes. Ao mesmo tempo em que os executivos foram presos na Nova Zelândia, agentes do FBI buscaram servidores do MegaUpload em outras localidades e tiraram o serviço do ar. Em diversas ocasiões, os executivos responsáveis pelo serviço já se defenderam contra as acusações de promoção de pirataria. Eles afirmam que a maior parte do tráfego do site é legal.
De acordo com o documento divulgado pelo FBI, os negócios do MegaUpload relacionados a pirataria já renderam mais de US$ 175 milhões. No documento, o FBI chama a empresa de "uma empresa criminosa global que tem membros engajados com lavagem de dinheiro e infrações de direitos autorais em escala massiva."
Pirataria sob a mira do governo americano
A ação acontece um dia após o protesto contra os projetos de lei SOPA (Stop Online Piracy Act) e PIPA (Protect Intellectual Property Act), que devem ser votados nas próximas semanas nos Estados Unidos. Se aprovadas, as novas leis colocarão regras rígidas para o compartilhamento de conteúdo online e dará poderes à Justiça dos EUA para fechar quaisquer sites suspeitos de pirataria na internet.
Entenda o SOPA e o PIPA
Projetos de lei atualmente no Congresso americano pretendem combater pirataria na internet
Nesta quarta-feira (18/01), mais de dez mil sites organizaram um protesto contra dois projetos de lei atualmente em discussão nos Estados Unidos. Segundo seus autores, o SOPA (Stop Online Piracy Act) e o PIPA (Protect IP Act) foram criados para combater sites que distribuem ou vendem produtos piratas na internet e violam direitos de propriedade intelectual. Mas opositores dos projetos afirmam que eles podem criar um mecanismo de censura na internet e prejudicar a inovação e a colaboração em rede. A seguir, o iG explica os principais pontos dos projetos.
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O que é o SOPA?
O SOPA (Stop Online Piracy Act) é um projeto de lei atualmente em discussão no Congresso dos Estados Unidos. Criado pelo deputado republicano Lamar Smith, o projeto prevê medidas mais duras para evitar o acesso de internautas daquele país a conteúdo pirata na internet.
O projeto foi criado em outubro de 2011, mas começou a ser discutido em dezembro do ano passado. Ele entrará novamente em debate no Congresso dos Estados Unidos em fevereiro.
Quais os principais alvos do SOPA?
O SOPA pretende impedir o acesso de americanos a sites de compartilhamento ilegal de vídeos e músicas, além de sites que vendem produtos falsificados, como remédios, calçados e roupas. Sites que comercializam armas e drogas também estão na mira da nova lei.
Em sua maioria, estes sites são hospedados em países com fraca vigilância sobre pirataria de conteúdo, muitos deles no leste europeu. Como estão fora dos Estados Unidos, na prática esses sites ficam imunes a possíveis processos movidos na Justiça daquele país.
Segundo o deputado Lamar Smith, um dos objetivos da lei é evitar o desemprego de milhares de americanos, já que muitas empresas têm seus negócios prejudicados pela pirataria.
Quais as medidas previstas no SOPA?
Em vez de tentar retirar os sites do ar, o SOPA quer que os provedores americanos bloqueiem o acesso de seus clientes a sites considerados impróprios. Os sites continuariam no ar, mas seria impossível acessá-los a partir dos Estados Unidos.
Além disso, o SOPA prevê que empresas americanas cortem qualquer tipo de vínculo com sites considerados impróprios. O PayPal, por exemplo, seria proibido de repassar pagamentos a um site bloqueado. Twitter e Facebook teriam que fechar contas relacionadas aos sites. Redes de publicidade teriam que eliminar seus banners. O Google teria que remover sites bloqueados de suas buscas.
Dessa forma, além de impedir acesso a sites considerados impróprios, o SOPA cortaria suas fontes de renda. O SOPA também proibiria o uso de ferramentas e programas destinados a "furar" o bloqueio.
A ordem para bloquear sites seria obtida a partir de um pedido do Procurador Geral dos Estados Unidos. O pedido teria que ser aprovado por um juiz para que a ordem entrasse em vigor.
Quem é a favor do SOPA?
Entidades como a MPAA, que representa os grandes estúdios de Hollywood, e RIAA, que reúne grandes gravadoras, são a favor do SOPA. Esse grupo também inclui empresas de roupas e calçados, como Nike e Adidas, editoras de livros (Penguin, McGraw-Hill, Pearson) e a indústria do tabaco (Philip Morris) Essas entidades argumentam que medidas mais drásticas são necessárias para combater a pirataria nos Estados Unidos, já que muitos sites com conteúdo ilegal atualmente estão fora do alcance da lei, por estarem hospedados em outros países.
Quem é contra o SOPA?
Empresas de tecnologia e internet, como Microsoft, Twitter, Google, Yahoo!, AOL e Facebook, são contra o SOPA. De modo geral, essas empresas afirmam que o SOPA criaria uma censura na internet, ao classificar determinados sites como próprios ou impróprios para os internautas. Esse tipo de legislação, segundo essas empresas, poderia ainda prejudicar a inovação e a colaboração em novos projetos e iniciativas, uma das maiores virtudes da internet.
Além disso, essas empresas argumentam que, em muitos casos, é difícil determinar se um tipo de conteúdo é ilegal ou não. Um exemplo disso seria um vídeo amador montado a partir de curtos fragmentos de filmes. Assim, segundo os opositores da lei, seria muito fácil bloquear injustamente um site.
Na semana passada, a Casa Branca também emitiu um comunicado dizendo que não aprova a SOPA em sua atual versão.
O SOPA vale fora dos Estados Unidos?
Não, mas a nova lei pode ter consequências globais. Além de perder os visitantes dos Estados Unidos, os sites perderiam suas fontes de receita provenientes de serviços americanos (PayPal, redes de publicidade). Com isso, alguns sites poderiam ser obrigados a fechar devido a falta de recursos.
O que é o PIPA?
O PIPA (Protect Intellectual Property Act) é um projeto de lei conceitualmente parecido com o SOPA, também em discussão nos Estados Unidos. Ele é mais focado na distribuição de conteúdo digital e menos focado na venda de produtos físicos piratas. O PIPA também prevê que provedores dos Estados Unidos devem bloquear a sites considerados impróprios e que empresas americanas devem cortar qualque tipo de vínculo com esses sites.
Mais de 10 mil sites protestam contra lei que pode censurar web
Projeto de lei é contrário aos interesses de empresas do Vale do Silício (EUA) e protesto tem apoio de gigantes, como Google
Wikipedia protesta contra projeto de lei SOPA
Ao visitar a versão em inglês da Wikipedia, por exemplo, o visitante se depara com uma mensagem em letras brancas em um fundo negro que diz: "Imaginem um mundo sem conhecimento gratuito... Atualmente, o congresso dos EUA está considerando uma legislação que pode prejudicar gravemente a internet gratuita e aberta".
O Google, por sua vez, publicou a seguinte mensagem em sua versão em inglês: "Diga ao Congresso que não censure a internet".
Tiffany Cheng, cofundadora do Fight for the Future, disse na noite de ontem que se trata de uma "luta pela liberdade de expressão". "O protesto contra o SOPA é o maior protesto online jamais organizado. Várias centenas de milhões de pessoas verão mensagens sobre o risco de censurar a internet, e isso é algo sem precedentes", afirmou Cheng.
Na mira estão as duas versões do projeto de lei que têm como objetivo combater a pirataria online de filmes, vídeos, músicas e demais conteúdos protegidos por direitos de propriedade intelectual.
A versão "PIPA" será submetida a debate e votação no Senado a partir de 24 de janeiro, enquanto "SOPA" enfrentará votação preliminar no Comitê Judicial da Câmara de Representantes em fevereiro. O principal autor da iniciativa na Câmara e presidente do comitê, o republicano Lamar Smith, disse que "SOPA" procura proteger consumidores, negócios e empregos "de ladrões estrangeiros que roubam propriedade intelectual dos EUA".
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O projeto de lei tem amplo apoio do setor de entretenimento - como empresas de Hollywood -, de empresas farmacêuticas e publicações, enquanto as empresas do Vale do Silício a criticam pesadamente. A Casa Branca se opõe à medida em sua versão atual por considerar que esta poderia suscitar processos contra empresas cibernéticas e prejudicar negócios legítimos, além de atropelar o direito à liberdade de expressão.
A previsão é que os legisladores modifiquem certas cláusulas da medida tanto na versão da Câmara como na do Senado, sobretudo devido à exigência de que os provedores de internet bloqueiem o acesso a sites estrangeiros que infringirem os direitos de propriedade intelectual.
Grandes sites não aderem a "apagão digital" contra lei dos EUA
Principais adesões foram da Wikipedia e do Reddit
Wikipedia protesta contra projeto de lei SOPA
As empresas de tecnologia em geral se mostram preocupadas com os projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado dos EUA, conhecidos respectivamente pelas siglas Sopa (Lei para Parar a Pirataria On-Line) e Pipa (Lei de Proteção à Propriedade Intelectual), mas a baixa adesão ao protesto desta quarta-feira mostra que essas companhias não estão dispostas a sacrificar um dia do seu faturamento e ainda correrem o risco de atrair a fúria dos usuários por causa de um protesto cujo impacto sobre os congressistas é difícil de avaliar.
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Lei que restringe pirataria online será votada neste mês nos EUA
A Wikipedia e o Reddit escureceram suas páginas para que os visitantes só pudessem encontrar informações sobre os dois projetos. Dos grandes sites que manifestaram oposição ao projeto, só o Google planejou algum tipo de alteração na home page, que conterá uma mensagem contra as medidas, mas sem impedir o usuário de fazer suas buscas.
"Como muitas empresas, empreendedores e usuários da web, nós nos opomos a esses projetos porque há formas inteligentes e dirigidas de fechar sites estrangeiros insubordinados sem pedir que companhias norte-americanas censurem a internet", disse uma porta-voz do Google. "Então (nesta quarta-feira) vamos nos juntar a outras companhias de tecnologia para destacar essa questão na nossa página inicial nos EUA."
O Twitter decidiu não participar do protesto, e no fim de semana o executivo-chefe Dick Costolo explicou as razões. "Fechar um negócio mundial em reação a uma única questão de política nacional é algo tolo", escreveu ele no microblogue, para em seguida prometer que a companhia continuará envolvida no assunto. "Observem este espaço", tuitou ele.
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Várias outras empresas adotaram a posição de criticar os projetos, mas sem tirar seus serviços do ar. Entre elas estão companhias que em novembro escreveram ao Congresso dos EUA se queixando dos projetos, como AOL, eBay, Mozilla e Zynga.
O presidente da Comissão de Justiça da Câmara dos EUA, Lamar Smith, e um dos autores do projeto Sopa, disse que o "apagão" da Wikipedia e de outros sites é "um golpe publicitário (que) presta um desserviço aos seus usuários ao promover o medo ao invés dos fatos". "Talvez durante o apagão os usuários possam procurar em outro lugar uma definição precisa de pirataria on-line."
Os projetos restringem o acesso e os pagamentos a sites de fora dos EUA que ofereçam conteúdo roubado ou falsificado. As medidas têm o apoio de produtoras cinematográficas, editoras, companhias farmacêuticas e vários outros setores, que alegam perder bilhões de dólares por ano devido à pirataria.
(Reportagem de Sarah McBride e Jasmin Melvin)
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O fim do Megaupload e a guerra na internet
Por Marcos Elias Picão em 20 de janeiro de 2012 às 05h26
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Na quinta-feira muita coisa aconteceu no mundo da internet. O mais impactante foi o fim do Megaupload, um dos maiores sites de compartilhamento de arquivos. Isso justo no dia seguinte ao grande protesto contra o SOPA e PIPA, projetos de lei nos Estados Unidos que poderão censurar a web em boa parte do mundo.6
Numa ação com apoio de policiais de outros países, o FBI fechou o site e prendeu alguns dos responsáveis pelo mesmo. Além das acusações indicarem prejuízo de mais de $500 milhões em direitos autorais a grandes gravadoras e produtoras, esse nem era o maior problema. Para a justiça dos EUA o Megaupload foi visto como uma “organização criminosa mundial cujos membros participam de infração de direitos autorais e lavagem de dinheiro em uma escala massiva.”
A resposta da comunidade contrária à ação foi dada por meio de ataques de negação de serviço promovidos pelo Anonymous, que tiraram do ar temporariamente sites de organizações como MPAA, RIAA, Universal Music Group, FBI, Casa Branca e Departamento de Justiça Americano.
Há pouco tempo alguns artistas fizeram uma campanha publicitária para o Megaupload. Entre os nomes estavam Chris Brown, Snoop Dogg, Mary J Blige, P Diddy, Will.i.am, Alicia Keys e Kanye West. Eles apareciam cantando e apoiando o site:
O comercial foi removido do YouTube a pedido da UMG, apesar de não violar nenhum direito autoral dela. Isso abriu uma polêmica no final do ano passado: um acordo entre a UMG e o Google permitiria, em tese, ao grupo mandar remover qualquer vídeo da rede - mesmo que não violasse nenhuma propriedade intelectual ou conteúdo registrado. Isso acabou passando com uma resposta melhor do Google, que afirmou que os parceiros não têm permissão para remover vídeos do site caso não tenham direitos sobre os mesmos (ou acordos de exclusividade com os artistas envolvidos em gravações ao vivo).
Apesar de tudo, o Megaupload já colaborava com remoções de arquivos mediante denúncias com base no DMCA, mas isso não foi o suficiente. A empresa também quis processar a UMG (o que ganhou força com a remoção do vídeo do YouTube). Dadas as circunstâncias e a longa investigação, nem foi necessário ter projetos como SOPA e PIPA, o fechamento do site pelo FBI foi possível usando as leis atuais. Além do próprio megaupload.com, vários outros sites do mesmo grupo também ficaram inacessíveis - talvez para sempre?
O pessoal do site rebate dizendo que a maioria dos arquivos hospedados lá são legítimos (muitos certamente são, mas não dá para fingir que o site não ganhava às custas da pirataria). Se os projetos SOPA e PIPA forem aprovados, casos como esse serão mais comuns, com uma grande diferença: não serão necessários meses de investigação, e muitos sites realmente honestos poderiam pagar a conta.